Em pleno meio-dia do último sábado, 23 de maio, ocorreu um atentado contra a organização ANZORC, que é a Asociación Nacional de Zonas de Reserva Campesina (Associação Nacional de Zonas de Reserva Camponesa, em tradução livre). O ataque foi contra sua sede em Bogotá e não teve feridos Apesar das medidas preventivas contra a Covid-19, nos sábados costumam ocorrer atividades e haver algum pessoal no escritório. Felizmente, no momento do atentado não havia pessoa alguma na sede.
Foram vidros quebrados e evidências de um disparo de arma de fogo em um escritório que se localiza a apenas um quarteirão da Procuradoria Geral da República, localizada no centro da cidade.
A ANZORC denunciou esse ato de terrorismo e exigiu que os fatos fossem investigados e que a perseguição a quem defende os direitos humanos na Colômbia cesse de uma vez.
Esse ataque é mais um dos vários ataques criminosos que vem ocorrendo em todo o território colombiano desde a desmobilização das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em 2016. A ANZORC, que basicamente luta pelos direitos dos camponeses e tem como uma de suas demandas imediatas a reforma agrária integral, faz parte da lista de alvos da direita colombiana.
Líderes sociais, defensores de direitos humanos, camponeses, comunidades indígenas e afrodescendentes na Colômbia tem sido vítimas diretas da violência gerada por grupos armados irregulares.
Organizações de direitos sociais e humanos, tanto colombianas quanto internacionais, tem denunciado a falta de proteção do governo principalmente nas áreas rurais, o que deixa o controle desses territórios nas mãos de grupos violentos.
Desde que foi ratificado o cessar-fogo entre as FARC e o governo colombiano em 2016, o número de mortos entre os camponeses e aqueles que os apoiam não para de crescer. O cessar-fogo era condicional, e uma das condições – a principal – é a deposição das armas pelas FARC. O problema é que o estado colombiano continua armado e, quando é para eliminar quem se opõe à sua política ditatorial e direitista, deixa o caminho aberto para que os grupos paramilitares façam o serviço sujo. Se esses grupos atuam sob ordem direta do governo ou não pouco importa, já que a falta de proteção por parte do estado é suficiente para que esses grupos cometam seus crimes. Isso é o que configura uma ditadura, entre outras coisas, pois quem se opõe pode ser eliminado de forma totalmente ilegal.
Em 2020 o número de mortos do terrorismo de estado na Colômbia já ultrapassou o número de 84. Comparando com o total de 86 mortos de todo o ano de 2019, percebemos que está ocorrendo uma escalada da violência durante o governo do fascista Iván Duque. Violência essa que é típica de qualquer ditadura. E, como sempre, só há um remédio contra essa ditadura colombiana: sua derrubada pela mobilização popular.