O Conselho Nacional de Educação (CNE), naturalmente aparelhado pela extrema-direita bolsonarista, aprovou por unanimidade na tarde desta terça-feira uma resolução que permite a continuidade do ensino remoto até dezembro de 2021 . A proposta aprovada no colegiado recomenda ainda que os sistemas de ensino não reprovem os estudantes. Além disso, a resolução prevê a reorganização flexível dos sistemas e sugere, por exemplo, a adoção do “continuum escolar”, ou seja, as redes poderão fundir os anos escolares dos estudantes, de modo que eles concluam no próximo ano o conteúdo que ficou prejudicado em 2020 devido à pandemia. Estados como São Paulo e Espírito Santo já anunciaram que adotarão o ano contínuo.
“O reordenamento curricular do que restar do ano letivo de 2020 e o do ano letivo seguinte pode ser reprogramado, aumentando-se os dias letivos e a carga horária do ano letivo de 2021 para cumprir, de modo contínuo, os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento previstos no ano letivo anterior”, diz o texto, que ainda precisa ser homologado pelo Ministério da Educação (MEC) e vale tanto para a educação pública e privada.
Obviamente, trata-se de uma grande demagogia como tudo que vem deste governo de ataque a população. Contudo, chama atenção o reconhecimento, por parte do próprio governo, de que o ensino remoto não é uma opção válida para a educação como substituto das aulas presenciais.
A posição do CNE vale como a confirmação velada de que o ano foi perdido para a educação e o reconhecimento de que o EAD não é uma coisa séria. Quando questionado sobre o papel do MEC durante a pandemia e as limitações para boa parte dos estudantes em ter acesso ao ensino remoto, o ministro conservador da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em entrevista ” que as desigualdades foram apenas evidenciadas nesse período do coronavírus, mas não foram criadas agora.”
Se faz urgente a convocação das mobilizações estudantis pela suspensão do calendário escolar e acadêmico, até que o coronavírus não represente mais uma ameaça aos estudantes e seus familiares, cuja grande maioria é oriunda da classe trabalhadora, o verdadeiro grupo de risco na pandemia.
Por último, defender também que os alunos do último ano do ensino médio tenham o acesso garantido nas universidades públicas na retomada do ensino presencial. Mas tudo isso só pode ser possível através de uma grande luta a ser travada nas ruas. Nada de hashtags e panelaços nas janelas. Tomar as ruas por Fora Bolsonaro para por fim ao genocídio!