A Justiça dos Estados Unidos, colocada tantas vezes como exemplo mundial na propaganda imperialista da “democracia americana” se mostra tão reacionária e tão perseguidora da população trabalhadora e negra quanto nos países atrasados. Um dos vários exemplos que podem explicar essa verdadeira arbitrariedade com a população mais pobre é o caso de Fate Winslow, que após doze anos de prisão foi libertado na última quinta-feira (17). Winslow cumpria prisão perpétua no estado de Louisiana, após ser apreendido por um policial pela venda de US$20 de maconha, isso em um país que em grande quantidade de estados a maconha para uso recreativo já é legalizada.
Fate Winslow havia recém se tornado sem teto quando em 2008 foi abordado por um policial a paisana na cidade de Shreveport, que estava em “busca” de um pouco de maconha, ou melhor, em busca de como levar a cadeia mais uma pessoa que se encontrava em completa vulnerabilidade social. Após alguns minutos, Winslow voltou com uma quantia equivalente a US$20 de maconha e foi preso em flagrante. Por já ter antecedentes por dois roubos e um por posse de cocaína, ele foi condenado a prisão perpétua. A arbitrariedade com que o caso foi julgado se dá pela desproporcionalidade da pena, afinal nenhum dos antecedentes de Winslow foi declarado como um crime de extrema violência para que justificasse que o mesmo passasse o resto de sua vida na cadeia, aliás nem mesmo os doze anos encarcerado seriam justificáveis pelos crimes que cometeu.
O caso que aconteceu em Louisiana é mais uma das várias sentenças de prisão perpétua que estão sendo cumpridas pela prática de crimes não violentos, segundo o próprio advogado de Fate Winslow, Jee Park: “Existem centenas de indivíduos cumprindo penas de prisão perpétua por crimes não violentos na Louisiana”, disse. O tamanho da desproporção da pena também foi comentado por Park: Jogar as leis em cima do Sr. Winslow e sentenciá-lo à prisão perpétua apenas porque se podia fazer isso não significa que foi algo constitucional, legal e humano. Ele recebeu uma sentença absurdamente excessiva devido às circunstâncias de sua vida e ao crime, e hoje estamos corrigindo essa sentença inconstitucional e desumana”, concluiu.
Este é mais um exemplo de que a suposta “guerra contra as drogas” ou que a democracia e a justiça americana são uma verdadeira farsa, onde a perseguição a população mais pobre e negra é feita através de penas cada vez mais duras e desproporcionais, onde efetivamente, os grandes beneficiados pelo narcotráfico estão ilesos, pois fazem parte de uma parcela da população que detém poder e dinheiro, enquanto os “resultados” dessa guerra contra as drogas são apresentados a população em punições cada vez mais severas com aqueles que estão a margem da sociedade, onde não há realmente nenhum resultado, apenas o encarceramento de pessoas cada vez maior.
A guerra contra as drogas e o tráfico se mostram tão inconsistentes que após a liberação do uso recreativo da maconha em vários estados, diversas sentenças de crimes relacionados à maconha foram anulados, enquanto outros amargam dias intermináveis em sentenças completamente arbitrárias, mostrando o quanto a justiça burguesa é inconsistente e atende a interesses específicos, independente de onde ela seja praticada, as populações mais pobres vivem uma verdadeira perseguição da burguesia.