Uma ocupação foi desocupada na última quarta feira (9) durante uma operação de reintegração organizada pela prefeitura. O terreno se encontra na rua Doutor Armando Anjo Correa, número 100, em Osasco, Grande São Paulo. A ação que contava com a Guarda Municipal de Osasco, Baep e Força Tática iniciou por volta das 5:30 da manhã.
Os moradores, além de expulsos à força, estão tendo suas casas demolidas, sete construções feitas com alvenaria que estão sendo removidas em um momento onde os prefeitos da direita supostamente “científica e democrática” estariam preocupados com a saúde pública e o problema da contenção da pandemia. A remoção destas famílias pobres é fomentada pelo interesse de empreiteiras e empresas do ramo para utilização dos terrenos para especulação, nada aqui expressa intenção de cuidado às famílias ou à crise sanitária, e está condenando estas pessoas a um risco muito maior em todos os sentidos.. Um auxílio-moradia de R$400 mensais estaria sendo providenciado como compensação pela destruição e remoção forçada de seus lares, um ínfimo auxílio que é irrisório para cobrir custos de moradia adequada, tanto para custear aluguéis quanto construções.
Esse exemplo da vontade política do governo serve para mostrar a contradição em que os defensores da campanha (aparentemente já abandonada) do “fica em casa” se encontravam. Uma campanha que se oferecia como defensora do isolamento social e preocupada com o problema da pandemia mas que nos termos práticos não encontra efetividade pois a maior parte da população pobre não dispõe de recursos para fazê-lo. Não só por não terem uma situação financeira que os permita ficar em casa sem trabalhar, mas em muitos casos como este, não possuem nem casa para ficar.
Na prática, durante a pandemia a população estava sob pesado ataque do governo fascista de Bolsonaro, tendo suas aposentadorias, acesso à saúde, empregos e demais recursos minados. O que ocorreu na prática foi que ou os pobres se punham a trabalhar se expondo à Covid-19 nos extremamente lotados transportes públicos, ruas e locais de trabalho e moradia, ou passavam fome e também se expunham à doença.
A pequena burguesia que fazia demagogia com a questão do lockdown e do isolamento nunca foi vista defendendo famílias como as de Osasco e de diversos outros locais que foram incontáveis vezes expulsos por policiais e condenados a morar na rua. Se em suas precárias casas à beira do rio já eram ruins as condições de higiene, na rua, elas são ainda piores. É importante ressaltar que apesar dos lares serem precários a intenção do governo não é de poupar as pessoas mas recolher seu terreno para favorecer à burguesia que se interessa pela posse.
Uma verdadeira campanha que busque por melhores condições de saúde pública deve se prestar a impedir as remoções, proibir que sejam cobradas contas de luz ou aluguel, demandar do estado recursos para manutenção da higiene e de recursos para sobreviver à carestia, campanhas de conscientização sobre cuidados contra contaminação ministradas pelo SUS devem ser realizadas, isso sem falar num maior investimento no sistema de saúde para o aumento de leitos e a expropriação dos hospitais privados, que poderiam estar recebendo os pacientes da pandemia, entre muitas outras medidas.
É fundamental entender que uma mobilização organizada por instituições do povo que estejam dispostas realmente a lutar por essas reivindicações, leva necessariamente a um conflito com os interesses da burguesia nesse momento, dessa forma não é possível se admitir o tradicional governo da direita ou mesmo o fascismo de Bolsonaro, o “Fora Bolsonaro e todos os golpistas” teria necessariamente de ser pautado ou a mobilização acabará por cair na demagogia da esquerda que defendia o inexistente isolamento do alto de seus apartamentos, sem pensar no povo que precisa sair às ruas para lutar por seu sustento.