Luta dos Sem Terra

Sem terra em MG mostram como se deve impedir os despejos

O acampamento Quilombo Campo Grande se mostra um exemplo de resistência contra os autoritários despejos dos Sem Terra ordenados pela justiça burguesa.

O acampamento Quilombo Campo Grande, que reúne 450 famílias sem-terra no município de Campo do Meio, localizado no sul do estado de Minas Gerais, é alvo de despejo que teve início na madrugada da quarta-feira (dia 12/8). A ação, sob as ordens do governador Romeu Zema (Partido Novo), contou com a presença de dezenas de viaturas e policiais de diversas cidades vizinhas.

A ação de despejo e reintegração de posse, que prevê a retirada da vila de moradores e da estrutura da Escola Popular Eduardo Galeano, foi emitida pela Justiça estadual, mesmo sob o decreto de calamidade pública devido à pandemia do coronavírus, ou seja, uma atitude atroz frente aos direitos humanos dos sem-terra. Esta ação foi realizada antes mesmo de uma audiência pela Defensoria Pública do Estado que estava agendada para acontecer no próximo dia 28 de agosto.

A polícia militar continua no local após terem despejado a Escola Popular Eduardo Galeano e um barracão coletivo onde moravam três famílias. Foram muitas horas de tensão até que o governador Zema acabou se manifestando pelo Twitter dizendo ter suspendido a ordem de despejo após várias manifestações da sociedade civil, nacionais e internacionais, além de denúncias de parlamentares da esquerda e de setores da Igreja Católica. A tag #salvequilombo foi uma das mais comentadas do Twitter.

Só que foi apenas uma mentira de Zema. A polícia e o comandante da ação permaneceram no local e disseram aos membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) que o despejo continua caso não recebessem uma ordem de suspensão de forma oficial, o que indica que o governador fascista mineiro tinha apenas a intenção de ganhar mais tempo para deslocar novas tropas para o local.

A resistência no acampamento continua, com sua população com a firme intenção de não deixar o despejo acontecer.

Histórico do acampamento Quilombo Campo Grande

Os moradores do acampamento Quilombo Campo Grande ocupam a área que pertenceu à falida usina Ariadnópolis, da Capia (Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo), que encerrou suas atividades em 1996, mas que hoje ainda acumula dívidas trabalhistas que ultrapassam os 300 milhões de reais.

A área foi tomada em 1998 e o local se tornou uma referência nacional na produção agroecológica. Quando os sem-terra tomaram a área de aproximadamente 4 mil hectares a terra estava degradada, devido aos anos de monocultura, com o cultivo de cana de açúcar. Com a ocupação do MST o local recebeu plantações de café, milho, frutas e hortaliças, além da criação de galinhas, porcos e bovinos. Um dos produtos mais conhecidos do acampamento e sua Cooperativa Camponesa é o café Guaíi, um produto orgânico e agroecológico.

Na área estava sendo construído um polo de conhecimento e tecnologia em agroecologia.

Estão, portanto, no local há mais de 20 anos e mesmo assim a justiça confirmou a liminar de despejo, que envolveria a saída de mais de 2000 pessoas. Após tantos anos a estrutura montada pelos moradores está muito mais próxima de um assentamento bem estabelecido do que de um acampamento de fato. Toda a área já foi ocupada por famílias, dividida em lotes, com suas casas, além de ter sido instalada a rede de energia elétrica para a maioria das famílias.

A justiça burguesa ignorou completamente a situação falimentar dos antigos proprietários e descartou totalmente o trabalho que foi feito pelos ocupantes em todos estes anos na recuperação da terra e de sua atual extrema produtividade em todos setores.

As ações truculentas da polícia foram iniciadas no dia 30 de julho deste ano quando mais de 20 policiais, armados de fuzis e pistolas, estiveram no local revistando e quebrando casas e prendendo uma pessoa, o acampado Celso Augusto, que foi liberado no mesmo dia. Há anos que os acampados tem que lidar com a coação de pistoleiros, que segundo relatos, agem a mando de Jovane de Souza Moreira, responsável pela antiga usina falida e principal interessado na remoção das famílias do local.

De acordo com Débora Mendes do MST o “conflito perdura por tantos anos porque os antigos donos como Jovane e filhos são estelionatários na região e contam com o apoio das elites políticas, do atual prefeito e aliados, como o fazendeiro de café João Faria”. O filho de Jovane é candidato a prefeito em Alfenas, cidade vizinha ao município de Campo do Meio.

Nos dias seguintes a população local continuou sendo ameaçada pela polícia, que realiza blitz nas estradas de acesso à cidade e pela presença de drones. Outro problema adicional é que até então a comunidade do acampamento não havia registrado nenhum caso do coronavírus. A presença constante da polícia traz o risco de trazer a doença para dentro do local.

Exemplo de resistência

O caso do acampamento Quilombo Campo Grande mostra como é que o povo deve agir contra a truculência dos governos de direita e da justiça burguesa. As denúncias nas redes sociais e as declarações dos parlamentares tem sua importância na divulgação para um maior número de pessoas, mas o principal e mais importante passo é a mobilização dos trabalhadores e de todas as suas organizações, ou seja, enviar militantes para engrossar as fileiras dos acampados e providenciar ajuda externa para aumentar a resistência contra os ataques fascistas.

Contra todos os despejos! Fora Zema, fora Bolsonaro, fora todos os fascistas!

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.