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Auxiliares da PM

Segurança privada, a milícia patronal

O caso de João Alberto revela a necessidade de luta contra a repressão de conjunto, contra a PM ou seus auxiliares

Um dos obstáculos do negro, na sociedade burguesa, são as forças de repressão privadas, as empresas de segurança, que servem como auxiliares da Polícia Militar. Foi justamente isso que aconteceu em Porto Alegre (RS), onde João Alberto foi estrangulado até a morte, dentro de uma rede de supermercados, no caso, o Carrefour.

É praticamente impossível conhecer um negro que não tenha passado por episódios humilhantes e, muitas vezes, violentos, dentro de estabelecimentos privados. Em minha história pessoal eu realmente já perdi as contas, apenas por sorte, não tive o mesmo fim de João Alberto.

Antes disso, do caso de João Alberto, dois angolanos haviam sido espancados em Maringá (PR), também, pelas mãos da segurança privada. É de se destacar que essas seguranças são compostas, em sua maioria, por pessoas ligadas à própria PM, direta ou indiretamente, por isso os mesmos resultados. Afinal, quantos casos de negros espancados em estabelecimentos privados tivemos em 2020? Incontáveis.

São verdadeiras milícias patronais essas empresas privadas de segurança. São estagiários da Polícia Militar, por isso o problema todo gira em torno da PM, e não dos envolvidos, particularmente. Aconteceram, tempos atrás, os casos dos “rolezinhos”, como toda uma juventude negra, de periferia, era impedida de entrar em shoppings, por exemplo, e eram escoltados para fora destes locais. 

Os patrões, os empresários, a burguesia, ela mesma, não espera que a PM faça todo o serviço, e, por isso, contrata sua segurança particular, para se somar na luta contra as forças populares, para ajudar a repressão oficial no controle do povo pobre, negro e trabalhador.

O racismo aqui não é uma questão ideológica, de uma ideia, subjetiva, cultural, estrutural, como quer fazer crer a esquerda identitária, pequeno burguesa. Mas um racismo efetivo, prático, que é o que preciso ser combatido, também praticamente, e não com mudança na forma de escrever ou dizer alguma coisa.

Também é preciso dizer que o racismo aumentou drasticamente desde o golpe de Estado. Desde quando o PT foi deposto do Executivo Federal e a direita assumiu. Com o golpe, as forças repressivas, oficiais ou não, ficaram à vontade para devolver o negro aos anos 1800, por isso o tratamento abertamente escravocrata. 

De toda sorte, está claro que a saída está na mobilização da população negra, que tocou fogo em estabelecimentos após o caso João Alberto, de maneira legítima. É a disposição de lutar contra o racismo, contra as forças de repressão, e é isso que mostra os últimos acontecimentos.

É uma evolução diante de outros casos já registrados. Em outras oportunidades, casos parecidos como o de João Alberto ficariam isolados em determinadas comunidades, mas agora, não. A evolução é nítida, e é preciso aproveitar e aprofundar justamente a disposição de luta do povo negro, que tende a ganhar um caráter ainda mais violento.

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