Dedicado a ser o cão de guarda da burguesia no governo de Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes, a exemplo de outros membros em posições destacadas do governo, citou o ministro da Economia de Adolf Hitler, Hjalmar Schacht, em reunião onde defendeu usar “recursos públicos pra salvar grandes companhias”, o que, naturalmente, inclui também o famigerado “vender logo essa p***a”, referindo-se ao Banco do Brasil. Existe toda uma propaganda dedicada a ocultar a essência do fascismo mas a premissa fundamental deste expediente político se revela exatamente na posição de Guedes, e também de seus ideólogos.
Longe de representar uma contradição, a presença ideológica do fascismo (inclusive o alemão) traduz-se de maneira cristalina exatamente na condução da política econômica do regime golpista. Sendo historicamente a ferramenta usada pelos articuladores políticos da burguesia para a defesa da classe dominante em condições desesperadas, tanto o nazismo quanto o pinochetismo (também referendado por Guedes) não são estranhos à política do governo brasileiro.
Schacht, espécie de “posto Ipiranga” de Adolf Hitler e oriundo da direita “civilizada” em sua versão alemã de então, podia se opor a questões menores do nazismo mas a combinação de louvores ao livre mercado enquanto promovia uma adaptação do New Deal, o programa americano de recuperação econômica por via das obras públicas e gastos militares fazia do banqueiro o progenitor de Guedes. O atual Ministro da Economia brasileiro, também apresenta uma supostamente intransigente defesa de uma política econômica orientada pelos princípios do liberalismo clássico, porém, sua ladainha cai por terra diante da política de “recursos públicos pra salvar grandes companhias”, dado a absoluta contradição entre o discurso e a ação. O discurso, neste sentido, é secundário perto da política a ser perseguida.
Outro citado, o regime chileno se notabilizou pelo roubo da previdência dos trabalhadores, o que foi a grande política do regime golpista de Pinochet em favor da burguesia. Este também continua sendo o grande feito do regime golpista de Bolsonaro no Brasil até o momento. A frase “não uma nação de proletários mas uma nação de empreendedores” saiu da boca do odiado general chileno mas poderia perfeitamente ter sido proferida por qualquer um do gabinete de Bolsonaro, inclusive o próprio. A prática fundamental, o ataque mais violento contra os trabalhadores e o conjunto da população, acaba escapando inevitavelmente por que, finalmente, a política é exatamente a mesma, com, é claro, as adaptações necessárias.