A greve chegou para os trabalhadores do transporte público de da empresa Nova Faol, que atende Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Eles avançaram do primeiro para o segundo dia, e estão reclamando da falta de pagamento do 13º salário, que deveria ter sido realizado na sexta-feira (18)
Informados na sexta-feira por volta das 16h que o pagamento não seria efetuado, os motoristas afirmam que voltarão ao trabalho somente com o 13º depositado em conta.
A empresa Nova Faol, que é uma concessionária do serviço público junto à prefeitura do município Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, reclama o repasse da verba do município a que tem direito, desde de março sem receber, chegando a R$400 mil o débito. a Nova Faol diz não ter culpa da falta de pagamento dos funcionários. Por conta da paralisação, a empresa não teve alternativa senão suspender o serviço. E, por enquanto, não há acordo.
Os sindicalistas fazem paralisação na garagem da empresa, onde se concentram para garantir que nenhum ônibus saia e circule pela cidade. A adesão é total.
As empresas estão acostumadas com o fornecimento de transporte, onde os ônibus lotados triplicam o lucro. Com a pandemia, e a necessidade do distanciamento como medida de precaução, os ônibus não só não podem andar lotados, como devem limitar o número de usuários por ônibus, o que faz com que, em vez da quantidade normal de ônibus, eles tenham que dobrar a frota, e contratar pessoal para isso, o que, decididamente essas empresas não querem fazer. Em vez disso, eles preferem desistir da concessão, já que não vão mais ver lucro mesmo.
O serviço público é terceirizado com a concessão, quando deveria ser estatizado. Com isso, a população não tem um serviço decente, porque tudo faz parte de uma regime de governo neoliberal, que entrega ao mercado o necessário serviço público, no caso o transporte, transformando-o em lucro para o setor privado, que é justificado como sendo o caminho da modernização do setor. Mas, no final das contas, o que a gente vê é exatamente o oposto. A falta de investimento, que, além de não ter nenhuma pesquisa em tecnologia para avançar o setor, é evidenciada por uma frota velha e carente de reformas. Quanto aos funcionários, a superexploração do trabalhador é feita com a supressão da função de cobrador, levando o motorista à acumulação de função, com a obrigação de fazer horas extras ainda por cima, nas poucas linhas que circulam. A prestação de serviço fica muito ruim, com lotação, e poucos ônibus nos horários de pico de movimento, muitos deles ainda se ar condicionado.
Tudo isso denuncia a farsa que é a privatização do transporte público. O sindicato não pode esperar a decisão do judiciário, nem ficar no meio do jogo de empurra entre o município e a empresa.
Ocupar a garagem completamente e esticar a greve, não só pelo 13º, mas por uma jornada de 35 horas, e aumento do efetivo, inclusive preservando a função de cobrador e acabando com a acumulação pelo motorista, é a única alternativa que pode tirar o trabalhador da mira do calote que ambas estão preparando, que, como de costume, contará com a conivência do judiciário.