Torcedores e antifascistas saíram às ruas nos últimos finais de semana dispostos confrontar os fascistas bolsonaristas que estavam se reunindo aos domingos. Em vários casos, conseguiram botar para correr a extrema-direita. Apenas para dar um exemplo, a convocação dos torcedores em São Paulo no dia 31 de maio na Paulista afirmava que “quem fosse pacifista não precisava ir”.
À revelia da orientação da esquerda pequeno-burguesa, que desde o início da pandemia se recusou a convocar atos de rua, os torcedores, junto com outros companheiros, entenderam que não apenas era preciso se mobilizar nas ruas para derrubar Bolsonaro, como era preciaso efetivamente agir contra os bolsonaristas.
Vendo o potencial dessas manifestações, a burguesia se preocupou. Não interessa para a direita que a esquerda apareça visivelmente em maioria diante dos bolsonaristas e mais ainda que a polarização política no País se resolva nas ruas, com uma solução que desse a vitória para a esquerda. Se o povo nas ruas coloca fim nas manifestações bolsonaristas, a situação política pode sair completamente de controle, o que pode colocar em xeque o regime político golpista.
Os jornais golpistas, coordenadamente, começaram a atacar o que eles chamaram de “violência” nas manifestações. Não se colocando frontalmente contra os atos, procuraram orientar as manifestações para uma política de não enfrentamento com os bolsonaristas. A burguesia procurou inclusive isolar os setores mais radicalizados
Para essa manobra, contou com a ajuda de Guilherme Boulos e de sua Frente Povo Sem Medo. Boulos, que sequer defendia a mobilização nas ruas, se autoproclamou liderança do movimento, sentou para negociar com a extrema-direita e o Judiciário golpista para deixar a avenida Paulista nas mãos da direita, levando o ato para o Largo da Batata. A manobra estava claramente a serviço da burguesia e vinha complementada com o discurso pacifista e um ataque ao que chamaram de “infiltrados”, que nada mais eram do que esse setor radicalizado das manifestações.
Nessa semana, novamente um representante da Frente Povo Sem Medo sentou-se à mesa com os fascistas para negociar. O novo acordo foi um rodízio absurdo para os atos na Paulista. Uma semana os fascistas e a outra a esquerda.
Boulos e sua frente não falam em nome do movimento. Procuram enquadrar um movimento que surgiu contra a sua vontade num cercadinho político que são os acordos com a direita fascista.
Trata-se de uma operação para transformar uma mobilização de caráter combativo num ato institucional, cívico e pacifista. A quem interessa isso? À frente ampla da qual Boulos é signatário e da qual participam a direita golpista como FHC, Rodrigo Maia e Luciano Huck. Nem precisamos dizer que esses não querem nenhum enfrentamento com os bolsonaristas nas ruas.