No último ato na Avenida Paulista, em São Paulo, ficou destacado que o movimento Somos Democracia está tentando se passar de esquerdista usando as cores azul e amarelo. Uma típica cor dos partidos da direita, no caso, o PSDB, tradicional algoz do povo paulista.
É uma tentativa, fracassada desde já, de se disfarçar de “apartidário”, de fazer demagogia com setores conservadores da sociedade, ao tentar emplacar o “sem partido”, em defesa “da democracia”. Em último caso, sem partidos e organizações da esquerda, “Brasil acima de todos”, “o meu partido é o Brasil”, como diria o presidente golpista Jair Bolsonaro, a quem esse Somos Democracia diz combater.
Eles também, através de Danilo Pássaro, pré-candidato ao cargo de vereador em 2020, pelo PSOL, saíram, em um exercício de cinismo completo, com a campanha do “abaixe a bandeira”, para disfarçar os interesses eleitorais e fazer coro com a campanha fascista, histórica, de luta contra os partidos de esquerda.
É preciso dizer, também, que Danilo Pássaro não representa a luta das torcidas organizadas, de maneira alguma. Ele se autoproclamou representante das organizadas, através da bênção dada por Guilherme Boulos, que também possui seus devaneios de “dono do movimento”. Pelo total esvaziamento do último ato, é fácil perceber que as organizadas não possuem acordo com o Pássaro.
Isso tudo não tem absolutamente nada a ver com a luta dos negros, maioria do povo brasileiro e da composição das torcidas organizadas. O negro, sempre que saiu às ruas, ao longo da sua história, foi com suas bandeiras, faixas e reivindicações, em todas as partes do mundo.
E isso é natural. Não existe manifestação de esquerda que não leve consigo suas reivindicações, expostas em todas as maneiras possíveis. Ao mesmo tempo, todo apoio à causa do povo negro é bem vinda, com suas bandeiras, etc. É tradicional na esquerda combativa essa posição.
No caso do movimento negro, por exemplo, nunca foi registrada uma manifestação com bandeiras verde e amarelas, até mesmo pela ligação dessas cores com movimentos conservadores brasileiros. Os integralistas, por exemplo, usam tradicionalmente o verde. O PSDB, tradicional partido da direita, é amarelo e azul.
Por outro lado, foi vista a movimentação em torno de acordos feitos com a Polícia Militar para a realização dos atos, por parte de gente do Somos Democracia e da Frente Povo sem Medo. O negro não tem acordo com a PM e vice versa, nunca teve e nunca terá. O único “acordo” do negro com a PM é a dissolução dessa corporação, resultado de mobilização, de luta nas ruas, com faixas, bandeiras e o que mais for necessário.
A farsa nacionalista, do verde e amarelo, do amarelo e azul, e outras cores atraentes para a direita, deve ser denunciada como tal. Essa manobra camaleônica para conseguir votos da direita não deve prosperar nas lutas populares, na luta das organizadas, enfim, na luta do povo negro.