O fascista Jair Bolsonaro, inimigo da classe trabalhadora, decretou a extinção do miserável auxílio emergencial. A decisão se dá num momento em que a pandemia atinge novos picos de infecção e mortos.
Somado à pandemia e a ineficiência e a falta de interesse do governo em agir efetivamente para contê-la, tem-se a violenta crise econômica que assola o país. O Brasil teve, durante a pandemia, pela primeira vez na sua história, mais pessoas desocupadas do que ocupadas, ou seja, a maioria da população está sem renda, dependente do auxílio.
Apesar do crescimento recorde do Produto Interno Bruto (PIB) de 7,7%, no terceiro trimestre, isto nem atendeu as expectativas e nem recuperou, de fato, a economia. O PIB, nos dois primeiros trimestres caiu 1,5% e 9,7%. Assim, os 7,7% do terceiro semestre não conseguiram reestabelecer a já capengante economia.
A recuperação do PIB era óbvia. O Brasil, por mais atrasado que seja, tem uma das maiores populações mundiais e possui um nível de desenvolvimento razoavelmente alto se comparado com os demais países de capitalismo atrasado. Então, apesar da crise, há uma classe média que ainda tem algum recurso e que as políticas de isolamento parcamente implementadas gerou uma demanda acumulada, que veio à tona no terceiro trimestre. Entretanto, isto é apenas passageiro.
O único setor que ganhou, de fato, durante a pandemia foi o agronegócio que, segundo previsões do mercado, tende a crescer 9%, em 2020, e 3% em 2021. Enquanto isto, o restante da economia deve ter retração.
O fato do agronegócio ser o único a crescer no Brasil é facilmente explicado pelo tipo de política econômica adotado pelo governo. A produção agrária dos latifúndios utiliza, hoje, pouca mão de obra e se beneficia da desvalorização agressiva da moeda nacional frente ao dólar americano para baratear, ainda mais, seus produtos no mercado externo. Assim, os latifundiários brasileiros estão lucrando como nunca antes na história.
Como a produção está sendo toda vendida para o exterior, já que o governo federal não toma medida alguma para manter o mercado interno abastecido, a inflação, especialmente nos itens da cesta básica, está galopante. A isto deve-se somar a alta também dos preços dos importados devido à moeda estrangeira mais alta. Com isso, a economia brasileira está, a passos largos, sendo destruída e, por conseguinte, substituída por uma dolarização mascarada, pois os produtos e serviços estão, neste momento, indexados ao valor do dólar americano.
Politicamente, o fato dos latifundiários estarem obtendo lucros astronômicos, enquanto o restante da população amarga a crise, é completamente devastador para a classe trabalhadora. É necessário lembrar que os latifundiários compõem uma grande parcela dos políticos, não apenas no interior do Brasil, mas também a nível nacional. Assim, estes terão cada vez mais aporte econômico para sustentar suas campanhas políticas e econômicas, através do financiamento de campanhas eleitorais, fraudes, subornos, grilagens e lobbies.
Devido a altíssima lucratividade e as limitações de demanda e espaço que a produção agrícola possui, os latifundiários utilizarão parte dos gigantescos lucros obtidos em outras atividades econômicas capitalistas, como o rentismo, onde empresta-se dinheiro ao governo quando este encontra-se em situação de insolvência. Seu próximo passo é pressionar o congresso nacional a uma reforma tributária que colocará ainda mais encargos à classe trabalhadora. Assim, garantirá que o estado brasileiro conseguirá honrar os empréstimos que faz junto aos bancos e ao agronegócio.
Uma reforma tributária para beneficiar rentistas e latifundiários, ampliará, ainda mais o desemprego. Somando-se a isso, há a retirada de direitos, através da reforma trabalhista, e o congelamento dos gastos públicos. Portanto, a renda das famílias tende a piorar ainda mais, aumentando dramaticamente a miséria no país.
Em outras palavras, a política econômica do governo fascista de Jair Bolsonaro pode ser traduzida pelas palavras “Que morram!”. Pois esta é a escolha do governo. A retirada do auxílio emergencial, neste momento de retração geral da economia, inflação e pandemia em novos picos de contaminação, é apenas mais um golpe na classe trabalhadora.
O empobrecimento extremo da classe trabalhadora também terá graves consequências políticas. Apesar de correntes da esquerda defenderem erroneamente a política do “quanto pior, melhor”, o empobrecimento agudo dos trabalhadores será mais um obstáculo à mobilização da classe operária pelos seus direitos.
As organizações operárias estarão economicamente e politicamente mais frágeis. É mais do que sabido que organizações operárias mais frágeis criam-se mais dificuldades para qualquer avanço da classe operária de conjunto. Além disto, abrir-se-á brechas para todo tipo de políticas demagógicas de caráter bastante oportunista, especialmente pela extrema-direita.
A classe média, que, em boa parte, depende do desenvolvimento econômico do país, historicamente, em momentos de desespero, busca no fascismo, principalmente se a classe operária estiver desorganizada, uma saída para as situações de crise. Isto poderá levar a um fechamento ainda maior do regime.
Portanto, deve-se mobilizar a classe trabalhadora, já, pela derrubada do atual governo e de sua política de destruição nacional e pela unificação da esquerda pela candidatura do ex-presidente Lula, sem aliança com golpistas e aproveitadores. Caso contrário, ter-se-á uma situação ainda mais complicada de ser resolvida.