O setor cultural não ficará impune à crise capitalista e sanitária que o país atravessa. Quase cinco milhões de trabalhadores que dependem deste importante meio de subsistência estão na berlinda econômica com o avanço do ataque aos direitos trabalhistas e a inviabilidade de apresentações artísticas por todo o Brasil devido à pandemia viral do Covid-19.
A “Economia Criativa”, como vem sendo chamada toda a categoria de profissionais que labutam nas diferentes esferas do setor, é capaz de movimentar por ano mais dinheiro do que todo o setor de comércio de peças automotivas, por exemplo. É o que diz o Painel de Dados do Observatório Cultural do banco Itaú, um reconhecido mecenas capitalista que mantém um instituto para estudos na área.
O pesquisador do departamento de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Leandro Valiati diz que “[…] podemos saber qual é o potencial de um setor específico e entender o que está sendo posto em risco”.
Só no estado de São Paulo são 1,4 milhões de trabalhadores que serão atingidos, seguido por Minas Gerais com 510 mil e o Rio de Janeiro com 480 mil. Segundo o mesmo estudo, em 2017 já eram mais de 147 mil empresas ligadas ao segmento cultural com um faturamento na casa dos R$ 335 bilhões e lucro de R$ 200 bilhões. Desde 2016, porém, o setor criativo já apresenta mais fechamentos de empresas do que a abertura destas. Com o cenário atual, o fenômeno deve se intensificar. “Certamente vamos assistir a eliminação de postos de trabalho e de empresas neste ano”, complementa Valiati.
A necessidade da interferência econômica do poder público é reconhecida inclusive pelo diretor do Instituto Itaú Cultural, Eduardo Saron, um direitista. “Mais do que nunca, vamos precisar de políticas públicas estruturantes para a cultura e setores criativos, assim que a pandemia passar”. Ocorre que os trabalhadores da cultura não podem esperar a pandemia passar para terem a atenção que merecem. É preciso criar uma fonte de renda para estes agora para que justamente sobrevivam a este período de crise.
Serviços de streaming, como a Netflix e produções semelhantes aumentaram sua receita na crise levando bilhões de reais para o estrangeiro, principalmente para os Estados Unidos. Enquanto isso há inúmeros artistas como os circenses e de rua que não podem trabalhar ou tiveram sua fonte de renda drasticamente reduzida porque dependem de público presencial. Não há sinal de qualquer política pública decente para estes profissionais que naturalmente já vivem uma realidade muito difícil com suas famílias.
Os trabalhadores da economia criativa e de todo o setor cultural, abandonados à própria sorte, devem se unir e formar Conselhos Populares para lutarem pelo seu direito à sobrevivência ou serão massacrados pelos capitalistas que enxergam a arte apenas como status social e não como o ganha pão diário. Para tanto o Coletivo GARI (Grupo por uma Arte Revolucionária Independente) do PCO está à disposição de todos os companheiros que queiram somar-se a luta.