O jornal O Estadão destaca uma entrevista com o economista Edmar Bacha, um dos integrantes da equipe que criou o plano real no governo de Itamar Franco, e também diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças (IEPE/CdG).
Na entrevista o economista opina que no mundo pós covid-19 ocorrerão mudanças estruturais importantes. E no caso brasileiro não vê possibilidade de recuperação rápida da economia. E isto por causa do espaço pequeno para incentivos fiscais e rebaixamento dos juros. Que passado os efeitos das medidas do governo a economia fique estacionada neste patamar.
Com relação aos auxílios emergenciais de transferência de renda, diz que será necessário reformas Administrativas e Tributárias, com a intenção de abrir espaço para redistribuir os gastos. E com essas reformas poderemos fazer políticas de transferência de renda e medidas de recuperação da economia.
Como vemos a indicação do economista vai na direção de reformas administrativas e tributárias. E pela experiência com reformas recentes que datam do golpe Estado até os dias atuais, sabemos o resultado que teremos.
Quando o Estado faz políticas econômicas está escolhendo quem vai ganhar e quem vai perder. Como no início da crise da saúde o governo de Bolsonaro destinou mais de 1 trilhão de reais aos bancos e grandes empresas. E a muito custo liberou uma esmola de 600 reais ao povo, sendo que milhares que teriam direito não consegue acessar o benefício por uma série de problemas burocráticos.
Houveram as reformas da Previdência e trabalhista, que resultaram em aumento do desemprego, redução do salário e a precarização do trabalho também aumentou muito. Enquanto isso houve incentivos às empresas, onde o governo paga parte ou totalmente os salários dos empregados que foram afastados por causa do afastamento pela pandemia.
E agora acaba de ser privatizada a água dos brasileiros, onde teremos que pagar o quanto os proprietários pedirem pelo preço do litro, sendo que não aceitar seria optar por morrer de sede. Já não bastasse a exposição à morte por fome e miséria imposta pela crise econômica e acentuada pela crise da saúde.
O governo fascista, durante essas crises, está tirando renda dos pobres e repassando para os já muito ricos. Lembremos que os 1% mais ricos ficam com cerca de 60% da renda, não só no Brasil como em todo o mundo. Faz isso quando a carga tributária já era a pior do planeta, cerca de 35% e incide na maioria para os que ganham até 4 mil reais. Ou seja os ricos já não pagavam impostos.
Quando o governo fala em reformas, o povo começa a ter arrepios, sabe que vem outra conta pesada para pagar. E não tenhamos dúvidas, nesse quadro político atual, que o governo vem tirando tudo que pode da classe trabalhadora, vamos perder ainda mais.
É sem dúvida uma política de genocídio. Por esse motivo que toda e qualquer reforma que o Estado tiver que fazer só poderá vir da classe mais explorada, sofrida e sem recursos, através de sua mobilização nas ruas. Essas manifestações é que poderão reduzir o enorme buraco na distribuição de renda tão desigual e criminosa.
Caso contrário, se a burguesia promover as reformas, será para colocar o povo na mais terrível condição de miséria, fome, doenças, desemprego, sem nenhuma oportunidade de sobrevivência. E que também já é grave por conta da pandemia.
É passada a hora de o povo ir para as ruas e lutar pela sua sobrevivência, já não se trata de ir para a rua para melhorar de vida, a luta agora passa a ser para sobreviver.