Em discurso promovido nessa segunda-feira, 14, na cidade de Haia, Holanda, Fatou Bensoudaha, procuradora-chefe do Corte Penal Internacional (CPI), relatou que recebeu ameaças e sanções “inaceitáveis” por investigar crimes cometidos pelos Estados Unidos e seus aliados. Bensoudaha condenou duramente as sanções do governo dos EUA contra ela, impostas em setembro por investigar os crimes de soldados americanos no Afeganistão.
Segundo a procuradora, o tribunal e sua promotoria foram “submetidos a ameaças, ataques e sanções sem precedentes e totalmente inaceitáveis”, destacando que essas medidas do presidente cessante dos EUA, Donald Trump, representam “um precedente perigoso” para CPI ao se considerar uma instituição que se baseia em um sistema internacional de regras. “Espero sinceramente que os Estados Unidos acabem com sua política agressiva de antagonismo contra este tribunal, ninguém ganha com esses ataques”, disse elas.
De acordo com o jornal britânico The Independent, a organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW), no que lhe coube, instou o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden (Democratas), a mudar a posição de seu país em relação ao órgão para que as interações com tal tribunal ocorram “de uma forma que respeitar o Estatuto de Roma, o Estado de Direito mundial e o acesso das vítimas à justiça”.
Sendo alvo de duras críticas internacionais, o CPI, mesmo com toda a oposição dos Estados Unidos, em março, autorizou uma investigação para examinar os alegados crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos no Afeganistão por unidades militares americanas destacadas no país da Ásia Central. Contudo, segundo especialistas, os EUA buscam a impunidade de seus atos, abonando seus soldados, responsáveis por todos os tipos de crimes contra a humanidade.