Após o golpe de Estado que tirou Evo Morales da presidência, a extrema direita da Bolívia agora busca outros meios para continuar com seu governo golpista. Utilizando a pandemia como desculpa, a presidente golpista Jeanine Áñez quer adiar as eleições já marcadas para 6 de setembro.
A falsa preocupação com a pandemia esconde o real problema dessas eleições para a extrema direita boliviana, pois o partido de Áñez está longe de ser a preferência de voto do povo. Em janeiro, o candidato apoiado por Evo Morales e do seu partido MAS, o ex ministro da economia Luis Arce já aparecia nas pesquisas de intenção de voto em primeiro lugar com 26% , e com o decorrer dos meses essa vantagem aumentou, chegando a 33% na última pesquisa. Enquanto isso, a extrema direita aparece apenas em terceiro lugar, com seus 12% em janeiro e agora com 16,9%.
O golpe de estado na Bolívia se apresenta cada vez mais insustentável, tanto pelas pesquisas de intenção de voto dos bolivianos, quanto com a inconsistência daquilo que foi usado como justificativa para anular as eleições. Recentemente, Evo Morales denunciou a interferência do Brasil a mando dos Estados Unidos no golpe, em que a embaixada brasileira participou de reuniões com seus opositores pouco antes do anulamento das eleições e a proclamação de Jeanine Áñez como presidente interina. Além disso, essa interferência de forças imperialistas nas eleições do país ficou ainda mais clara com os recentes estudos do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) em relação ao relatório da OEA (Organização dos Estados Americanos) utilizado para invalidar as eleições. Segundo os estudos, a OEA não foi neutra ao realizar o relatório, além do documento ter sérios problemas de análise dos dados estatísticos.
O pedido de adiamento das eleições na Bolívia apenas demonstra a preocupação que existe na extrema direita boliviana sobre a falta de controle na situação política do país. Mesmo contando com o aparato do imperialismo e prendendo opositores, o apoio popular continua com o MAS e Evo Morales, e isso deve se concretizar com a realização das eleições, assim como já aconteceu em 2019, tirando do poder a extrema direita mais uma vez. O caso também é uma clara demonstração de como governos de extrema direita agem na América Latina, que ao se comprometerem em trabalhar em benefício do capital e do imperialismo agem contra as soberanias nacionais e governos nacionalistas, contando com todo o aparato burguês para se manterem no poder através de políticas golpistas, como alterando resultados de eleições, prendendo opositores, além das políticas que prejudicam a vida dos trabalhadores e apenas beneficiam a classe burguesa.
A derrubada dos governos direitistas na América Latina é uma questão de impedir que o imperialismo aja com suas forças de dominação econômica e política, e também para impedir que as condições de vida dos trabalhadores não seja prejudicada, por isso a necessidade de lutar pela derrubada de governos como o de Jeanine Áñez e Jair Bolsonaro.