O título dessa coluna faz menção à famosa frase de Malcolm X, um dos principais expoentes da luta pela libertação do negro norte-americano, defensor da autodefesa, armamento do povo e da imprensa negra, também por isso, assassinado pelo governo dos Estados Unidos.
A frase vem bem a calhar para o momento atual que a luta contra a direita vive. A luta contra os golpistas tende a superar a fase da enrolação tradicional da esquerda pequeno-burguesa, destinada a conciliar os interesses de classe, fechar acordos para apaziguar a violência e o ódio do povo contra o governo.
É o que se percebe nas mais variadas manifestações que foram realizadas até aqui, no meio da pandemia apesar (e contra) as orientações da esquerda tradicional, do #ficaemcasa ou manifestações virtuais.
Em São Paulo, onde a pressão é gigantesca, entrou em cena Guilherme Boulos, para contornar a crise, controlar a raiva dos manifestantes, fazer centenas de discursos no Largo da Batata e aliviar a pressão de gente que quer ir à Paulista varrer com os fascistas do mapa.
É preciso ter claro que essa fase de enrolação das manifestações já passou faz muito tempo, e que, agora, a luta, por estar mais polarizada, tende a se radicalizar, conforme pode ser visto nas declarações das torcidas organizadas, bem como dos demais depoimentos colhidos nas manifestações.
O povo que ir às ruas lutar contra a direita, contra os ataques do governo golpista, e já não tem mais paciência para ficar ouvindo enrolação em atos combinados com os golpistas, como o realizado no último domingo, no Largo da Batata.
Para controlar a população a esquerda se utiliza dos mesmos argumentos da direita: “vejam, existe um processo, uma decisão judicial nos impedindo de ir para a Paulista”, “veja, não podemos ser violentos”, “precisamos dialogar”, “vamos manter a ordem”, etc. quando, na verdade, a luta deve colocar em xeque todas as instituições dos golpistas, da PM ao Poder Judiciários.
Não é possível, mais, aceitar as decisões da justiça contra o povo. É preciso lutar, também, contra a ditadura do judiciário, que depôs Dilma Rousseff, prendeu Lula e homologou a presidência de Jair Bolsonaro. Nesse sentido, é preciso lutar contra o regime, de conjunto, e é isso que expressa os atos, de rua, realizados no último período.
As lideranças da esquerda pequeno-burguesa esperam manter os seus parcos privilégios, se adaptar ao regime dos golpistas, quem sabe, eleger alguém nas eleições deste ano, que pode ser que nem ocorram. Essa é a “ambição” deles.
O povo quer o fim da Polícia Militar, a dissolução do aparato de repressão, a queda total do regime dos racistas, da direita que está largando a população para morrer de insuficiência respiratória. As manifestações nos EUA, contra a execução de George Floyd, revelam que o sistema precisa ser derrotado. Não é uma luta por “justiça” ou por “democracia”, mas, sim, uma luta que visa retirar toda a corja de assassinos do povo do poder.
A população trabalhadora, tanto lá quanto cá, perdeu a paciência, e a tendência é aumentar o nível de violência das manifestações. É natural que isso ocorra, afinal, que outra reação esperam diante de uma pandemia que mata o povo pobre e negro, diante de um sistema repressivo advindo da ditadura militar que executa milhares de negros todos os anos? A violência é natural, e, em certo sentido, necessária.