O aparato repressivo do GDF está a 11 dias no assentamento 26 de Setembro aterrorizando a população que possui moradia legítima no local. De acordo com Miguel Rodrigues, presidente da Associação de Moradores Núcleo e Cidadania do assentamento, cerca de 30 mil pessoas moram no local. As inúmeras famílias acusadas por vezes de “invasoras” estão em zona de guerra se defendendo contra o DF Legal e todo seu poder de destruição, o mesmo que picotou a histórica tenda do servidor em Brasília.
Em primeiro lugar é importante evidenciar aqui, na imprensa dos trabalhadores, o que a imprensa burguesa não fala. Ibaneis (MDB); ou melhor, “Inganeis”, o atual governador do DF ganhou milhares de votos de cidadãos de 26 de Setembro com promessas vazias e demagógicas típicas de todo governo direitista, no entanto, sua política se demonstrou tão desastrosa ou pior do que o anterior mentiroso Rollemberg (PSB).
“…votaram nele em massa, porque ele prometeu não só regularizar como colocar escolas, água e luz em todas as ruas, pavimentação, polícia, segurança e não derrubar nenhuma casa. Prometeu inclusive, reconstruir as casas derrubadas pelo governador Rollemberg com o próprio dinheiro…”
Assim explicou Gilberto Camargo em entrevista ao Diário Causa Operária, presidente da Associação de Moradores de Vicente Pires, 26 de Setembro e Região (AMOVIP). O companheiro também firmou: “O governador não tem palavra, não fez nada do que falou e ainda está destruindo. É o pior governador que já tivemos”
Nida, moradora do 26 de Setembro, relatou que as famílias acreditaram nas promessas do MDB golpista. Por isso, construíram suas casas na região com seu próprio dinheiro. Essas mesmas casas agora estão destruídas, e as famílias chorando ao ver seus “sonhos destruídos” no meio da crise sanitária. Ou seja, seguindo a lógica de todos os despejos fascistas impulsionados em todo País durante a pandemia. Tudo para atender os desejos da especulação imobiliária e latifundiária.
Edimilton Gomes, presidente da Associação de Moradores do 26 de setembro, também ressaltou o incentivo fomentado por Ibaneis para a construção de mais moradias. Entretanto, as máquinas que pavimentavam e expandiam algumas ruas da região, já afastando os moradores, “sem diálogo algum com a população”, recentemente destruíram o que trabalhadores construíram com o pouco que têm.
A Secretaria DF Legal informou que, devido à pandemia de covid-19, apenas edificações não habitadas têm sido alvo de remoções no Distrito Federal, bem como que em nenhuma das dez operações realizadas no local foram removidas casas habitadas. O caso da vendedora Shirley da Silva de 41 anos desmente tal afirmação. A casa da moradora já está a mais de um ano no assentamento, e mesmo assim, foi derrubada. “Eu estava em casa com tudo dentro: cama, fogão, botijão de gás. Tudo instalado, a encanação instalada, o chuveiro, as roupas, comprovando que eu morava lá.”.Além disso várias outras denúncias mostram a picaretagem do DF Legal.
Fica claro que o DF Legal nem se esforça para apresentar seus crimes, as também evidências mostram o verdadeiro tratamento assassino da polícia fascista no assentamento. Bombas de gás lacrimogêneo dentro de casa com crianças aos prantos e tiros com balas de borracha e por vezes com armas de fogo. A violência levou idosos, mulheres e crianças ao hospital, além de derrubar casas de diversas famílias.
Diante de tais ataques horrendos os moradores não se acomodaram. Pneus foram queimados para impedir a entrada dos oficiais, manifestantes, ainda, botaram fogo em dois ônibus. Um nas imediações da Estrutural, na tarde desta quarta-feira (26), já o outro ônibus da viação São José na tarde desta quinta-feira (27). Para fazer também ao batalhão de choque e a cavalaria da PM, eles se utilizaram de pedras, paus e até bolas de gude. Um caso notório foi o de um jovem de menor que chegou a balear um policial na perna.
Vale ressaltar, que eles se organizaram ao ponto de criar seu próprio armazém para autodefesa. Um galpão dentro do Assentamento 26 de Setembro foi encontrado pelos militares, que utilizaram o helicóptero da corporação para identificar o local. Segundo a PM, era lá que os manifestantes guardavam pneus e toras de madeira, utilizados para fazer barricadas nas ruas da comunidade, além de pregos, bolinhas de gude e estilingues, usados como munição contra os militares. Mesmo assim, apenas um homem foi detido, ele estava com bolinhas de gude e esferas de aço, segundo o major Siqueira, comandante da operação no Assentamento 26 de Setembro.
Mesmo com suas reuniões e assembleias proibidas, os moradores do 26 de Setembro se defenderam e mostraram para toda esquerda como a máquina de matar do estado deve ser tratada. Por isso, ontem, no dia 28, foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) a Lei nº 6.657, a qual proíbe a remoção de ocupações e a efetivação de ordens de despejo, desde que a posse tenha se iniciado antes da declaração da emergência de saúde de importância internacional. Daí em diante, o DF Legal deu um relativo sossego aos moradores do local. Mas informantes a este Diário apontam que eles devem voltar até segunda-feira. Claramente, o caminho não é pelas instituições.
A situação traz à tona o acirramento da luta de classes no País e no mundo. O governo Bolsonaro e todos seus aliados golpistas avançam contra toda classe trabalhadora do Brasil, especialmente os mais vulneráveis. São milhares de despejados durante toda pandemia, bem como uma guerra incessante contra os jagunços e a PM da extrema direita.
A esquerda e todos os trabalhadores do campo, assim como os quilombolas e os indígenas, precisam se organizar em comitês de autodefesa e de luta contra tal programa genocida. Pelo armamento do povo para sua própria segurança! Pela dissolução da polícia militar e de todo aparato fascista do estado!
Seguem vídeos da situação dos moradores frente aos ataques do governo golpista: