Antônio Eduardo Alves de Oliveira, nosso querido “Duda”, faleceu na tarde deste domingo (27), aos 50 anos de idade, vítima de uma parada cardíaca, na cidade em que nasceu, Feira de Santana (BA).
Um dos fundadores do Partido da Causa Operária (PCO), sofria de diabetes e apresentou dificuldades para respirar na última sexta-feira (25), quando foi internado. A suspeita de infecção pelo coronavírus ainda não foi descartada pelos médicos, que recorrerão ao exame póstumo para obter o diagnóstico.
Duda dirigiu por um período a regional do PCO na Bahia e, recentemente, dedicava-se à construção do trabalho partidário em Feira de Santana.
Começou a militar na corrente Causa Operária no início da década de 1990 e tomou parte ativa no processo de legalização do Partido. À época com cerca de 20 anos, cursava Ciências Sociais na Universidade Federal da Bahia. Integrou a Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), a recém criada corrente estudantil do Partido. Destacou-se na luta contra o governo Antônio Carlos Magalhães (PFL, 1991–1994), tendo sido preso e processado por confrontar ACM em uma manifestação. Foi, posteriormente, um dos editores do jornal Juventude Revolucionária.
Seguiu carreira na universidade, formando-se doutor em Ciências Políticas pelo Institut d’Études Politiques de Paris em 2010. Lecionou em diversas universidades na Bahia e, nos últimos nove anos, atuava como professor adjunto da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRBA).
Permaneceu no Partido durante todo o período como militante no movimento sindical dos professores universitários. Integrou a Corrente Sindical Nacional Causa Operária (CSNCO) e se destacou na luta dentro do Sindicato Nacional dos Docentes das Universidades (ANDES-SN) como representante da corrente nacional de oposição Educadores em Luta. Elegeu-se diretor da Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR). Participava, recentemente, da mobilização contra a volta às aulas diante da pandemia da covid-19, realizando diversas reuniões com professores em seu Estado.
O companheiro que perdemos foi um colaborador ativo na imprensa do Partido, deixando ao longo dos anos inúmeros artigos sobre os mais variados assuntos (da luta sindical a problemas teóricos e históricos do marxismo) nas páginas do jornal Causa Operária e do Diário Causa Operária, onde atuou como colunista.
Como cientista social por profissão, escreveu sobre vários temas também para publicações acadêmicas, sempre aproveitando a oportunidade para expor uma análise marxista da luta de classes no Brasil e na América Latina, além da história da Bahia e do movimento estudantil.
Homem culto e de grande leitura, tratava com desenvoltura problemas de história da luta de classes e da teoria revolucionária. Durante o último ano, atuou como editor das páginas dedicadas a temas de história e marxismo no jornal Causa Operária. Colaborou ainda na Causa Operária TV, como comentarista do programa Análise Sindical.
Duda participou intensamente das polêmicas conduzidas pelo Partido com a esquerda pequeno-burguesa desde o início deste século. Nos primeiros anos do governo Lula, foi o principal contribuinte para a crítica do Partido à política sectária e capituladora de ruptura com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e criação de uma “nova central”.
Arguto analista da luta política nacional e, em particular, da esquerda pequeno-burguesa, contribuiu em diferentes oportunidades na discussão no interior do Partido em reuniões nacionais, conferências e congressos. Sempre modesto e discreto, trazia informações detalhadas sobre a luta sindical dos professores e levantava questões instigantes que tantas vezes contribuíram com as conclusões políticas do Partido. Com um riso entredentes, irônico e zombeteiro, lançava comentários e conclusões certeiras nas reuniões de direção e em conversas pessoais.
No último período, atuou com determinação na luta contra o golpe de Estado. Adotou uma postura ativa na construção do Partido diante do crescimento da influência e da própria organização partidária.
Sua convicção, de mais de 30 anos, na defesa do socialismo, tornou-o um dos expoentes da reflexão teórica marxista dentro das fileiras partidárias. Deixa tristeza e saudades em três gerações de militantes.
O PCO acredita que a melhor maneira de homenagear o companheiro é estimular o combate contra o golpe de Estado e intensificar os esforços necessários à construção de um partido operário e de massas, na luta pela revolução proletária e o socialismo.