Recentemente, o Banco Central do Brasil (BC) passou a utilizar o PIX. A tecnologia permite a transferência de valores quase que instantânea entre qualquer banco ou instituição financeira cadastrada.
Para a população, que se acostumou a pagar ou driblar taxas de TED e DOC, a ferramenta é um sucesso, pois permite a rápida transferência de valores apenas com a utilização de um aplicativo de banco no celular, por exemplo.
Segundo o BC:
“Pix é o pagamento instantâneo brasileiro. O meio de pagamento criado pelo Banco Central (BC) em que os recursos são transferidos entre contas em poucos segundos, a qualquer hora ou dia. É prático, rápido e seguro. O Pix pode ser realizado a partir de uma conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga.
Além de aumentar a velocidade em que pagamentos ou transferências são feitos e recebidos, o Pix tem o potencial de:
- alavancar a competitividade e a eficiência do mercado;
- baixar o custo, aumentar a segurança e aprimorar a experiência dos clientes;
- incentivar a eletronização do mercado de pagamentos de varejo;
- promover a inclusão financeira; e
- preencher uma série de lacunas existentes na cesta de instrumentos de pagamentos disponíveis atualmente à população.”
O custo da movimentação de dinheiro
A logística de distribuição de dinheiro em espécie no País custa por ano cerca de 10 bilhões de reais. É uma verdadeira operação de guerra. Existe o custo de produção do papel moeda, que tem insumos importados e é impresso em larga escala na Casa de Moeda no Rio de Janeiro. Depois este contingente precisa ser distribuído por todo o País, de forma equilibrada entre os locais que tem muita circulação e pouca circulação.
Um dos argumentos que o Banco Central utiliza para o PIX, portanto, é a questão da economia destes custos da moeda física. Também que o fato de existir um grande volume de dinheiro em espécie, permite roubos, assaltos, etc. Como o caso recente do banco em Criciúma-SC.
Estes aspectos são utilizados para a defesa da digitalização do moeda. O que, por outro lado, contradiz a premissa da “inclusão financeira”, dado que uma boa parte da população só tem acesso à moeda física, por ser desprovida de uma série de condições, como ter um celular com internet ou mesmo uma conta bancária.
Portanto, é de se suspeitar que nenhum dos argumentos apresentados pelo Banco Central para a criação do PIX sejam a causa real por trás da ferramenta. Há vários outros aspectos que não são ditos pelo BC e pela imprensa burguesa.
Entre eles está o fato do PIX surgir num momento de destruição profunda da economia nacional. Os golpistas causaram o maior desemprego que o País já viu, a inflação sobe e o salário e o poder de compra do real diminuem bruscamente.
Neste sentido, ao economizar uma série de custos para a cadeia logística do sistema bancários e deixar de repassar estes custos à população, como no caso do TED e DOC, o governo está implementando uma espécie de giro mínimo de uma economia destruída pela política neoliberal.
Assim, um trabalhador que está sobrevivendo do auxílio emergencial poderia girar dinheiro dentro do sistema financeiro, ao invés de estar restrito apenas a suas limitações geográficas.
Neste sentido, é uma manobra para driblar a situação degradada em que vive o povo brasileiro, ameaçado pela pandemia, pelo desemprego e pela miséria e sem perspectiva alguma de um futuro de melhor.
Somado a isto a outro aspecto, o da demissão massiva no setor bancário. A implementação das tecnologias tem sido utilizada como forma de enxugar ainda mais o setor bancário. A categoria dos bancários tem sido reduzida drasticamente nas últimas décadas, com terceirizações, privatizações, extinção de agências, etc.
Por fim, ainda não está claro quais as implicações da ferramenta, mas é preciso desconfiar de tudo que vem dos bancos e neste caso, de um banco central sob o controle dos banqueiros.