O colunista de O Globo, Bernardo Mello Franco, considerado o “especialista” em assuntos de esquerda de um dos jornais mais reacionários do país, decidiu explicar a eleição de Edmilson Rodrigues (PSOL) para a prefeitura de Belém, capital do Pará.
A matéria, entretanto não é nada boa para quem se considera de esquerda. Mello inicia sua matéria dizendo que “a oposição se dividiu em 2020” e por isso teria perdido na maioria das capitais. A exceção teria sido justamente a capital paraense onde o deputado federal do PSOL encabeçou o que ele mesmo considera uma “frente de esquerda”.
Edmilson é figura velha na política de Belém. Ele já foi prefeito duas vezes pelo Partido dos Trabalhadores e como todo bom pequeno burguês carreirista saiu do partido na primeira crise que surgiu após a ascensão do petismo ao governo federal. Desde então ele está no PSOL.
Quando reeleito em 2000 o político contava com o apoio do PPS, PC do B, PCB e PSB, que juntos formaram com o PT, então partido de Edmilson, a chamada Frente Belém Popular. Não há novidade alguma, portanto no que se refere a uma Frente de Esquerda inédita ou algo do tipo nesta capital.
O fato novo desta eleição de Edmilson 20 anos depois teria sido a atual aliança com seis partidos, “incluindo o PT de Lula e o PDT de Ciro Gomes”, assinalou o jornalista do O Globo.
Ocorre que além destas legendas o deputado teve o apoio decisivo do PSDB e de sua sublegenda o PV, conforme já demonstrado por este diário. Ambas as legendas de direita foram decisivas para o Golpe de Estado de 2016 que destituiu Dilma, abriu o caminho para prisão de Lula, a eleição de Bolsonaro e agora formam a base governista deste no Congresso Nacional.
A esquerda bem pensante, porém está em polvorosa comemorando a derrota do bolsonarista Delegado Eguchi (Patriota). Enquanto isso, a eleição de Edmilson apenas reforça a necessidade da burguesia de criar uma esquerda domesticável, sem base popular e, portanto mais propensa às suas pressões. Eis o papel decisivo do PSOL neste processo.
A frase que melhor define a comemoração do psolista é justamente a que comprova o seu oportunismo e de seu partido: “Provamos que a esquerda unida pode derrotar o fascismo. Ninguém tem direito de impor uma derrota ao país por vaidade. O Lula tem que fazer autocrítica, reconhecer que não é Deus. O Ciro também precisa ter mais humildade”, afirma.
De fato, assim como Lula não é Deus, tampouco o que se apresentou em Belém foi uma unidade de esquerda. A não ser que PSDB e PV passaram a compor este campo por imposição dos fanáticos da frente ampla que insistem em virar a página do Golpe e abraçar os golpistas “arrependidos” como forma de limpar a sua culpa pelo atual cenário do país. Aliar-se com os fascistas de ocasião para derrotar o fascismo institucionalizado…
A verdade é que inúmeros elementos do PSOL assim como o carreirista profissional Edmilson Rodrigues apoiaram ao lado dos partidos de direita a desmoralizada Operação Lava Jato, comemoraram a prisão de Lula e a perda de seus direitos políticos e até mesmo uma possível cassação do registro do PT, tudo isso no afã de ocupar seu lugar no cenário político nacional. E, portanto é assim que agem atualmente.
Diante disto é preciso chamar a população trabalhadora para a realidade. É preciso denunciar sistematicamente que nenhuma “nova liderança” forjada nos estúdios Globo será capaz de substituir artificialmente a figura de Lula e do PT, que mesmo com todas as suas contradições políticas segue sendo a maior liderança de um partido com base popular real.