No último final de semana veio à tona mais um vídeo de repressão policial em São Paulo. Em caso parecido com o de George Floyd, nos Estados Unidos, a diferença foi que, por sorte, a vítima da PM conseguiu sobreviver ao estrangulamento.
Dois rapazes foram abordados violentamente pela Polícia Militar, sendo jogados ao chão pela viatura da PM. Um deles recebeu, logo em seguida, uma gravata de um dos policiais da operação. O golpe desmaiou o rapaz. Um segundo teve, sobre seu peito, os joelhos de outro policial. Este chegou ao ponto de ter espasmos musculares, mas, por sorte, não faleceu.
O caso lembrou muito bem o que aconteceu nos Estados Unidos, onde George Floyd fora executado pela polícia através dos mesmos golpes. Nesse sentido, a ação policial contra o negro obedece um padrão rotineiro, o que revela não se tratar de “falhas” ou desvios de condutas, mas da rotina macabra da repressão.
Nos EUA, onde os negros são minoria, chegaram a atear fogo em uma série de prédios e viaturas policiais, em protestos que se arrastam até o dia de hoje. Pediram, inclusive, o fim da polícia, o fim do orçamento da repressão, além de se organizarem em bairros para fazer a própria segurança, e a crise está instaurada no País.
Os negros brasileiros correspondem a quase 55% da população e, também por isso, a repressão tende a ser ainda mais dura. Para se ter uma ideia, apenas no Rio de Janeiro, mais de 740 pessoas foram mortas pela PM neste ano (até abril), o que representou um recorde de mais de 20 anos. E os recordes estão sendo quebrados em todos os estados, também.
É por isso que não se deve chegar a um “acordo” com as forças de repressão. A PM não tem acordo com o povo negro. É diante deste fato que o que acontece em São Paulo, onde Guilherme Boulos fez um “acordo” com o PSDB e a PM para alternar os dias de manifestações na Paulista é uma verdadeira aberração.
O povo negro deve estar, se possível, todos os dias nas ruas, em defesa de suas reivindicações, do direito político de se organizar, de se manifestar nas ruas, especialmente contra a repressão policial, contra a PM, e não “em acordo” com a repressão, como quer a esquerda pequeno-burguesa. Essa tentativa de acordo não passa de mais um golpe contra a população negra, na verdade, esse acordo é um apoio à política repressiva dos golpistas.