Durante as eleições de 2020, especialmente no segundo turno, a esquerda apresentou uma política conhecida das organizações viciadas em eleições. Essa esquerda fez propaganda de que era preciso votar no chamado “mal menor”, ou no político tido como menos direitista que o concorrente.
No segundo turno das eleições, a imprensa burguesa e o próprio regime fazem uma pressão para que o cidadão tenha que escolher uma pessoa que ele não quer votar. A esquerda, como de tradição, faz o mesmo papel, não consegue ter uma política independente e segue a reboque da imprensa burguesa.
No Rio de Janeiro (RJ) essa política foi colocada em prática no segundo turno da eleição naquele município. Foram para segundo turno Eduardo Paes (DEM) contra o pastor Marcelo Crivella, filiado ao Republicanos.
Em um claro cenário que era preciso defender o voto nulo, a esquerda decidiu apoiar Eduardo Paes, pois, supostamente, esse político seria menos direitista que Marcelo Crivella. O resultado dessa política é que Paes foi eleito e vai levar adiante as mesmas políticas da direita golpista brasileira.
É a mesma política que alçou João Doria (PSDB), governador de São Paulo, como um político “científico” diante do coronavírus, que Doria seria mais democrático que Jair Bolsonaro, mesmo apresentando resultados ainda mais desastrosos que outras gestões do PSDB no Estado.
No segundo turno das eleições, a imprensa burguesa e o próprio regime fazem uma pressão para que o cidadão tenha que escolher uma pessoa que ele não quer votar. A esquerda, como de tradição, faz o mesmo papel, não consegue ter uma política independente e segue a reboque da imprensa burguesa.
O PT, por meio do ex-presidente da estadual do partido no Rio de Janeiro, Washington Quaquá, afirmou, em sua rede social, que “segundo turno é para derrotar o indesejável. Vamos votar no Eduardo Paes porque o Rio precisa se livrar do Crivella”.
Já Marcelo Freixo, do PSOL carioca, fez um típico jogo de político burguês e afirmou que o partido poderia liberar seus militantes para apoiar e votar em Eduardo Paes, com base no mesmo raciocínio de Quaquá, é um mal menor, um político que não seria abertamente bolsonarista.
Não bastasse, o PT lançou uma nota dizendo que Eduardo Paes, do DEM, partido da ditadura militar, tinha um “comportamento democrático”, e teria sido bem avaliado como gestor.
Já a “oposição responsável”, do PSOL, por meio do vereador Tarcísio Motta, disse que “a única coisa certa é que seremos oposição. Uma oposição responsável, que tem como foco o projeto de uma cidade feita por e para as pessoas. Amanhã, o PSOL decide de forma coletiva a posição do partido sobre o 2⁰ turno. Defenderei pelo CRIVELLA NUNCA MAIS!”.
Por outro lado, o PCdoB do Rio lançou uma nota mais clara a respeito do problema, que diz, entre outros: “Eduardo Paes representa um campo diverso ao da extrema-direita e diante do atual cenário, o PCdoB Carioca aprova o voto em sua candidatura, como forma de derrotar Bolsonaro e Crivella. O apoio do PCdoB não traz condicionantes e o Partido não pretende participar do seu governo e visa exclusivamente derrotar o conservadorismo no Rio”.
Ao contrário, um político do DEM, jamais poderia representar nenhum campo diverso da direita. Muito pelo contrário, é até natural que o Rio de Janeiro viva um dos seus piores períodos no mandato do “responsável”, “democrático” Paes, e nem precisou assumir o cargo para mostrar isso.
Acontece que, agora, já eleito, Paes vai levar adiante justamente a mesma política bolsonarista de colocar o povo para morrer de Covid-19. Disse, em recente entrevista à Folha de S. Paulo, que vai “respeitar o que a ciência disser, mas eu não consigo entender ter shopping, academia, restaurantes e bares abertos, e a escola sem funcionar”, informando, desde já, que vai reabrir as escolas, um dos locais mais perigosos para se promover a abertura e para a ampliação do contágio do coronavírus.
Todos os políticos “cientistas” da direita, supostamente diferentes de Bolsonaro, fazem, apenas com um disfarce muito mal feito, a mesma política de Jair Bolsonaro. Não por um acaso, João Doria, logo após o final do segundo turno das eleições, resolveu retornar o estado inteiro para a fase amarela do Covid-19, ou seja, esperou todo mundo se contaminar no meio das eleições, para, logo após o pleito, apresentar mais uma medida demagógica de combate ao Covid-19.