O processo de impedimento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e seu vice, Carlos Almeida (PTB), foi arquivado, na tarde da sexta-feira (6), pela Assembleia Legislativa do Amazonas. Dos 23 deputados presentes, 12 seguiram o parecer do deputado estadual Dr. Gomes (PSC), favorável ao arquivamento, 6 contra o arquivamento e 5 se abstiveram.
Trata-se de um violento exercício de ingenuidade achar que um parlamentar da direita vai fazer um parecer contra um governo do próprio partido. Ironicamente, uma situação bizarra destas é mais fácil acontecer no espectro da esquerda, como fez a direita do Partido dos Trabalhadores, quando abandonou a presidenta Dilma durante o golpe e o presidente Lula durante sua prisão política, além de elementos da “esquerda lavajatista”, que foram um-a-um desmascarados pela imprensa do Partido da Causa Operária.
O governador do Amazonas foi denunciado, pelo Sindicato dos Médicos do Amazonas, por improbidade administrativa e crime de responsabilidade pela má gestão dos recursos no combate à pandemia. Uma denúncia que, apesar de bastante verdadeira, não dependia de si mesma, mas de componentes políticos para se materializar num impedimento.
O estado do Amazonas, logo no início da pandemia no Brasil, viu seu sistema público de saúde entrar em total colapso, com fila de pessoas esperando alguém morrer para que pudesse ser colocado em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Durante este período, viu-se, no Amazonas, um espetáculo macabro resultante da política genocida da direita, com respiradores mecânicos que não funcionavam, enterros em valas coletivas, dois irmãos que fizeram o enterro do próprio pai por falta de coveiros, entre outros tantos absurdos.
Há de ser lembrada também a situação das cidades do interior e das aldeias indígenas, que ficaram isoladas e sem apoio algum do poder público. O descaso não foi fruto da incompetência ou inoperância estatal, como dizem os neoliberais, mas de um projeto de genocídio dos oprimidos com o intuito de facilitar a dominação da elite agrária no Amazonas.
A manutenção de Wilson Lima a frente do governo não tem a ver com detalhes jurídicos ou a justiça perante os fatos, pelo contrário, trata-se de um prêmio ao governador por ter seguido ipsis literis a política oficial da burguesia, de repressão à classe trabalhadora e reabertura total das atividades produtivas e comerciais.
O fato serve de prova a todos os partidos de esquerda, sindicatos e movimentos sociais que a via juridíca/parlamentar não resolve nada. A direita golpista, antes “científica” e “civilizada”, participa da barbárie da extrema-direita e usa a situação toda, tanto para controlar a última, quanto para se promover como “diferente”, apesar de comparsa em todos os seus crimes.