Nos últimos dias ocorreram mais duas mortes de pessoas negras que estão motivando mais protestos nos EUA, contra a violência policial. Um deles ocorreu na cidade de Atlanta, Geórgia, na noite da última sexta-feira (12), quando Rayshard Brooks foi assassinado por policiais ao fugir da abordagem inicial dos policiais.
A administração do restaurante Wendy’s chamou a polícia pois, segundo eles, o carro e R. Brooks, que estava dormindo em seu carro no estacionamento, estava bloqueando a passagem de outros carros. Segundo a polícia Brooks estava alcoolizado e, pelo conjunto da situação seria preso, Brooks se recusa, foge e depois de alguns metros, se vira e dispara a arma teaser na direção dos policiais, imediatamente os policiais o alvejaram. Brooks chegou a ser levado ao hospital e passar por procedimento cirúrgico, mas não resistiu e faleceu.
Brooks tinha 27 anos tinha 4 filhos e, segundo seu advogado, teria acabado de comemorar o aniversário de sua filha de 8 anos.
Vídeo da câmera no corpo de um dos policiais:
O caso gerou revolta imediata na população da cidade na qual já havia tido protestos nas últimas semanas, assim como todo o país, em decorrência da morte de George Floyd pela polícia de Minneapolis.
No dia seguinte, sábado (13), a pressão da população já revoltada de antes causou a renúncia da chefe de polícia de Atlanta, Erika Shields, e segundo a prefeita da cidade, Keisha Lance Bottoms, os policiais envolvidos foram demitidos.
Durante todo o sábado cerca de centenas de pessoas fizeram protesto em frente ao restaurante, que acabou sendo incendiado pelos manifestantes à noite.
Presente no ato, Gerald Griggs, advogado e vice-presidente da NAACP (Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor) afirmou “Eles podiam ter usado força não letal“.
O outro caso aconteceu em Los Angeles, Califórnia, onde Robert Fuller, um jovem negro de 24 anos de Palmdale, nos arredores da grande cidade, foi encontrado morto enforcado em uma árvore, próximo à prefeitura, no início da manhã da última quarta (10). A polícia diz que parece se tratar de suicídio, mas que iria aguardar o resultado da autópsia. Os moradores imediatamente iniciaram um protesto do local da morte de Fuller até o departamento de polícia, pedindo “Justiça para Robert Fuller” até porque, não se trata do primeiro caso nas redondezas.
Em 31 de maio um outro homem negro, Malcolm Harsh de 38 anos, foi encontrado morto enforcado em uma árvore nas proximidades da Biblioteca de Victorville, a 70 Km de Pamdale. Sem solução até hoje, desde o início da investigação a polícia também trabalha com a hipótese de suicídio. Parentes de Harsch afirmaram “Existem muitas maneiras de morrer, mas, considerando a atual tensão racial, um homem negro pendurado em uma árvore definitivamente não se sente bem conosco agora. Queremos justiça, não desculpas confortáveis”.
O assassinato de negros nos Estados Unidos tem gerado uma onda de protestos violentos desde a morte de George Floyd em 25 de Maio, e tem aglutinado também toda uma insatisfação latente dos setores mais oprimidos que invariavelmente envolve negros e imigrantes latino-americanos, principalmente. As revoltas que já se tornaram uma verdadeira rebelião popular, com destruição e queimas de prédios e veículos ligados ao aparato de repressão e naturalmente a empresas capitalistas, como os restaurantes das franquias envolvidas nos atos, que representam o sistema responsável pela opressão do trabalhador norte-americano.
A revolta está cada vez mais generalizada, estourando em centenas de cidades pelo país, dia após dia. Em Minneapolis, após 15 dias de violentos protestos a polícia local foi dissolvida pelo conselho municipal e será substituída por uma força de segurança que está em discussão. Em Seattle há muita pressão para o fim da polícia, assim como em Atlanta e o departamento central de polícia foi pichado tendo a palavra “police” substituída por “people”, ficando “Departamento do Povo de Seattle”.
As manifestações a cada dia estão mostrando que não se trata somente de um problema racial, mas sim de todo um sistema violento e extremamente opressivo, que coloca mais pressão sobre determinadas grupos sociais, como os negros, imigrantes, mulheres, LGBTs. Quanto mais as manifestações crescem e se tornam mais radicais, mais a extrema direita e seus governos recuam e permitem avanços tanto em termos de direitos democráticos como em pôr fim à política criminosa de ataque à população negra e ao trabalhador em geral.
É fundamental, portanto, que as mobilizações evoluam também politicamente no sentido de pedir o fim dos governos opressores da extrema direita, tendo como maior representante o governo federal de Donald Trump, o mesmo que já chamou os legítimos manifestantes de terroristas, baderneiros, além de ser um dos representantes da política de supremacia branca da extrema direita. Assim, a luta nos EUA, assim como no Brasil, devem pedir o fim do governo Trump já e de todo o regime político!