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Censura a portais de esquerda

Nassif denuncia perseguição judicial contra liberdade de imprensa

O jornalista tem sido alvo de uma intensa pressão por conta de matérias que denunciam a direita e membros do próprio judiciário

O jornalista Luis Nassif publicou uma matéria no dia 24 de dezembro no portal GGN, denunciando a perseguição que ele e o portal vêm sofrendo por parte do judiciário. A matéria que tem como título “Estou juridicamente marcado para morrer” conta algumas das dificuldades enfrentadas pelo jornalista, como bloqueios de contas que o impedem até mesmo de acessar sua aposentadoria e alguns dos casos jurídicos em que o judiciário o perseguiu por fazer jornalismo.

Nassif destaca que toda essa perseguição serve claramente para o calar e impedir seu trabalho jornalístico. Isso, no entanto, não acontece somente com ele ou com o GGN em  específico, mas atinge toda a esquerda, principalmente após o golpe de estado de 2016, já que a partir de então o judiciário passou a ser mais atuante no intuito de estabelecer uma ditadura no país contra a população brasileira. Partir da data, também foi possível observar uma forte pressão para os cortes de verbas contra sites e blogues da esquerda brasileira.

Alguns dos casos contra Nassif são completamente bizarros, como quando a justiça determinou que o portal GGN pagasse uma multa de R$ 100 mil reais a João Doria por críticas feitas ao atual governador de São Paulo. Acontece que, além de completamente contrária a qualquer estado de direito, já que um dos direitos básicos da população é o direito à liberdade de expressão, a justiça ainda adicionou R$ 50 mil à indenização pedida por Doria, que era de R$ 50 mil, sob a justificativa de que o portal poderia pagar pela indenização já que seu escritório (na verdade o endereço residencial de uma das sócias) ficava em um bairro de classe média.

Outros casos envolvem indenizações a Eduardo Cunha e ao MBL, o último por conta de um erro de interpretação do próprio MBL, em que seus integrantes acreditaram que uma matéria de Nassif dizia que eles haviam recebido dinheiro da Lava-Jato, o que valeu a condenação contra Nassif por conta de o juiz julgar o texto pouco claro.

Além disso, outro caso conta com uma perseguição de tipo pessoal, já que Nassif criticou o desembargador Luiz Zveiter. Ao criticar o desembargador, o judiciário passou a perseguir Nassif ainda mais, por conta da influência de Zveiter, o que foi decisivo, por exemplo, no caso movido por Eduardo Cunha contra Nassif e o GGN.

Sabiamente, Nassif assemelha a perseguição contra os jornalistas ao período dos anos de chumbo da ditadura militar no Brasil, que perseguia os jornalistas opositores ao regime. Em referência à perseguição contra si, diz ele: “assim como os malditos pela ditadura, continuando essa escalada terei que arrumar outra ocupação, manter-me no anonimato para que novos proventos não sejam confiscados, já que até a aposentadoria recebida está sob ameaça de confisco, e possa manter o apoio à minha família e recursos para meu sustento.”.

O problema é que até mesmo parte da esquerda fortalece o cerco contra a liberdade de expressão imposta pelo judiciário. Isso ocorre, por exemplo, através do fortalecimento de leis repressivas que em tese atingiriam os machistas, racistas e homofóbicos que proferissem falas contra mulheres, negros e contra a população LGBT, mas que acabam simplesmente por dar o direito do estado e do poder judiciário de decidir o que pode ou não ser falado pela população, o que pode chegar, inclusive, a condenações por conta até mesmo de falas mal interpretadas, como o próprio caso do MBL contra Nassif.

Além disso, a esquerda deposita todas as suas fichas de vitória contra a direita no judiciário. Parte da esquerda comemora prisões, o endurecimento de leis repressivas e até mesmo o poder do judiciário de legislar, quando isso não poderia ocorrer de forma alguma. Outra forma encontrada pela esquerda pequeno-burguesa para apoiar a diminuição da liberdade de expressão no país é a chamada luta contra as chamadas “fake news“, “teorias da conspiração” e o “negacionismo”, que deveriam ser restringidos pela justiça, mas que nada mais são do que uma forma da própria imprensa burguesa ditar o que é verdade ou não no país.

Essa política acaba sempre se voltando contra a população e contra a esquerda, que são os únicos setores que realmente tem o interesse em ter veículos de imprensa que falam a verdade, já que os veículos da burguesia servem muito mais para desinformar e mentir, com o intuito de levar adiante a política que a própria burguesia deseja.

É preciso lembrar também que no último ano sofremos com uma intensificação ainda maior da pressão golpista e fascista contra a imprensa de esquerda. O próprio DCO sofreu dois ataques hackers e, após lançar campanha contra esses ataques, descobriu que outros veículos da imprensa de esquerda como o jornal A Nova Democracia e o Ponte Jornalismo também haviam sofrido esse mesmo tipo de ataque. Além disso, por questões financeiras que muito tem a ver com a perseguição da direita e da burguesia, os portais Nocaute e Conversa Afiada deixaram de publicar matérias.

Tudo isso serve para demonstrar que o problema no Brasil é muito mais profundo do que simplesmente o governo de Bolsonaro. É preciso intensificar a luta por fora Bolsonaro e todos os golpistas, mas de maneira independente da burguesia e das instituições do estado burguês, como é o caso do sistema judiciário, já que eles são os verdadeiros responsáveis pelo golpe de estado e também desejam uma ditadura, tão ou mais forte do que a que Bolsonaro deseja implantar no Brasil.

É preciso combater qualquer ideia dentro da esquerda de que a justiça burguesa salvará a democracia, os direitos das mulheres, dos negros, da população LGBT e dos trabalhadores. Somente a independência desses setores, a luta pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas, a luta contra o próprio sistema judiciário burguês, contra a polícia e todas as instituições do estado é que resolverão de verdade os problemas da população brasileira e poderão trazer um sistema em que a liberdade de expressão seja plena.

 

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