No último dia 17 de setembro, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicou os resultados de sua Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF): Análise da Segurança Alimentar no Brasil, referente ao biênio 2017-2018. A nível nacional, os dados mostram que de 68,9 milhões de domicílios particulares permanentes no Brasil, 36,7%, o que equivale a 25,3 milhões de lares, possuem algum grau de Insegurança Alimentar (IA), que se divide em leve, moderada e grave. Isto significa que mais de 25 milhões de moradias possuem restrições no acesso a alimentos, tanto em quantidade como em qualidade, e possuem alguma preocupação ou risco real de ter restrição na alimentação num futuro próximo.
No que diz respeito a região Norte, 57% dos lares estão em situação de insegurança alimentar, sendo a maior taxa de fome com relação às demais regiões do Brasil. Dentros destes 57%, equivalente a 2,8 milhões de famílias, 10,2% se encontram em estado grave, faltando alimentos igualmente para adultos e crianças, sendo igualmente a maior taxa de fome em nível grave no Brasil . Comparados ao percentual nacional, os estados nortistas que mais se destacam nessa deplorável estatística são o Amazonas, segundo colocado nacional em insegurança alimentar com 65,5%, o Para, com 61,2%, e o Amapá, com 59,4%.
Em 2004, na primeira vez em que a segurança alimentar das famílias brasileiras foi estudada, por meio da PNAD Contínua, cerca de 47% dos lares na região Norte estavam em Insegurança Alimentar, subindo para os 57% do período avaliado pela pesquisa atual, indicando uma piora da fome nas casas dos trabalhadores brasileiros. Vale lembrar que no intervalo de 14 anos entre uma pesquisa e outra, o país foi governado pela esquerda, que apesar de nao ter atacado os interesses da burguesia, adotou minimamente uma política social para os trabalhadores, porém acabou sendo derrubada pela direita no Golpe de Estado de 2016, através do qual a burguesia conduz uma política de ampla destruição de todos os direitos dos trabalhadores.
O aumento dos números da fome no Brasil nada mais são que o espelho da política de corte nos investimentos públicos, de redução dos salários, benefícios e aposentadorias dos trabalhadores e dos programas de distribuição de renda, da eliminação de toda política de Estado voltada para combater a fome, acompanhadas do aumento no preço dos alimentos, como foi visto recentemente com a carne vermelha e atualmente com o arroz.
É preciso uma grande mobilização dos trabalhadores para derrubar o governo Bolsonaro, atual condutor dessa ferrenha política neoliberal, que faz terra arrasada na qualidade de vida da população, e lutar por uma política que defenda os interesses da classe operária, como o aumento dos ganhos dos trabalhadores, recuperação de todos os direitos trabalhistas retirados pela direita golpista, ampliação dos programas sociais de distribuição de renda e elevação do valor ofertado a população e expropriação dos latifúndios. A luta deve ser por um programa classista. Nada de alianças e conciliações com a direita, como vem sendo feito por setores esquerdistas pequeno-burgueses através da a Frente Ampla.