A situação de desemprego afeta toda população brasileira. Para os mais jovens, a possibilidade do primeiro emprego é bastante remota. Entretanto, a crise capitalista, agravada pela pandemia, afetou profundamente a parcela mais velha da classe trabalhadora.
Em 2020, oito em cada dez vagas de emprego que deixaram de existir pertenciam a trabalhadores com 50 anos ou mais. De 558,5 mil vagas perdidas, até setembro, 438,1 mil estavam ocupadas pelos trabalhadores mais experientes. A explicação para isto, segundo analistas, estaria no fato desta camada da população estar em grupo de risco da doença. Todavia, isto é apenas um detalhe. A situação não é nova. O Brasil, assim como os demais países capitalistas, especialmente os de capitalismo atrasado, sempre enfrentou problemas na recolocação de trabalhadores mais velhos no mercado de trabalho formal.
A falta de políticas de amparo ao trabalhador e de manutenção de empregos gera uma situação crônica de desemprego em uma parcela da população que é nova demais para requerer aposentadoria, mas velha demais segundo os padrões estabelecidos pelos capitalistas. É comum, nesta parcela da população, encontrar pessoas com mais de duas décadas de contribuição ao INSS, mas que não podem requerer aposentadoria.
Para os próximos anos, a situação tende a piorar. Com os cortes nos investimentos públicos e um aprofundamento da crise capitalista, a tendência é que mais e mais trabalhadores experientes sejam colocados na fila do desemprego.
A reformas da previdência e trabalhista, além da Emenda Constitucional 95, que limitou, por 20 anos os investimentos públicos, todas capitaneadas pela direita golpista, vulgo “direita civilizada”, são fatores de grande impacto na situação vivida pela parcela mais velha da classe trabalhadora.
Como dito anteriormente, o problema não é novo. Pelo contrário, é um problema recorrente no Brasil e mostra a face mais perversa do pútrido sistema capitalista, que não apenas explora os trabalhadores, sugando-lhes toda e qualquer força, mas também os abandona à miséria quando acercada a velhice.
O caminho para resolver o problema é a derrubada imediata do governo golpista de Jair Bolsonaro. Agora, mais do que nunca, é necessária a reversão total do golpe, com eleições gerais tendo a candidatura do presidente Luís Inácio Lula da Silva como fator de unificação da esquerda nacional. A partir disto, será possível derrubar, através da mobilização popular, as reformas da previdência e trabalhista e a Emenda Constitucional 95. Qualquer cenário diferente disto levará, ainda mais, ao aprofundamento da fome e da miséria no país.