Museus da Holanda, da Alemanha e da França amargam uma crise histórica por causa da baixa frequência de visitantes no contexto da pandemia do Covid-19, mesmo com a reabertura. A crise fez as direções destes museus repensarem o, assim chamado “modelo americano”, onde as instituições dependem mais das verbas que arrecadam com a venda de ingressos e recebem pouco ou nenhum subsídio do Estado.
Neste contexto de pandemia, o “modelo alemão” de relação entre Estado e museus se mostrou mais robusto, uma vez que os museus alemães são mantidos quase que totalmente com subsídios do Estado e assim, conseguem se manter firmes, apesar da redução em até 66% da frequência de visitantes nos seus salões.
Adotando rígidos protocolos para a visitação por serem locais fechados e com a queda das viagens internacionais, que reduziu o volume de turistas nos países europeus, os museus parecem estar fadados a esta crise apesar dos esforços e das inovações que as direções destas instituições desenvolvem para tentar sobreviver.
A que há de certo é que o setor cultural sofreu um duro golpe não só não Europa mas, também, aqui no Brasil, o reflexo da total ausência de política cultural concreta afeta não só os museus, mas o conjunto do setor. O descaso do qual é um exemplo concreto o incêndio que destruiu o Museu Nacional no Rio de janeiro poderá fazer mais vítimas entre os museus brasileiros.
O auxílio ao setor cultural viabilizado pelo governo Bolsonaro é irrisório e engessado, demora a chegar e não chegará aos trabalhadores da cultura, que com certeza será o setor que demorará mais a se recuperar em função da pandemia. Neste contexto a sobrevivência dos museus e dos trabalhadores em cultura depende dos incentivos do Estado. O exemplo europeu demonstra que não adianta apenas autorizar a abertura dos museus, é preciso robustecê-los com os subsídios do Estado.
Por isso, a política do Estado mínimo vai no sentido contrário do que é razoável para a manutenção dos museus. Entregues à própria sorte, estes guardiões da memória coletiva poderão ter que fechar as portas e o prejuízo, neste caso, é para o conjunto da sociedade. Ou então passarão a funcionar em condições precárias colocando em risco o acervo e abrindo caminho para uma destruição como aconteceu no Rio de Janeiro.