A pandemia do coronavírus aprofundou a crise econômica que já assolava o país. Em meio ao crescente desemprego e às demissões, estimuladas pelos medidas aprovadas pelo governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, os despejos se destacaram pela crueldade, tanto nas cidades quanto no campo. Um dos exemplos foi o despejo realizado pelo governador Zema (Novo) no Acampamento Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais, com apoio da polícia e do sistema judiciário, que atirou dezenas de famílias no desalento. O governador sequer ofereceu um abrigo para os despejados.
A especulação imobiliária festeja o aquecimento do mercado, que experimentou uma queda acentuada no mês de abril, no início da pandemia. Os despejos generalizados e o aumento do valor dos aluguéis são apontados como elementos positivos, que permitem o reaquecimento do mercado imobiliário. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) caiu cerca de 9,7%, as atividades imobiliárias cresceram 0,5%. Conforme a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Agrainc), as vendas também avançaram 9,7% de abril a junho.
O coronavírus escancarou, ainda mais, de que os interesses do mercado imobiliário se situam na contramão dos interesses dos trabalhadores no país. Os despejos, que são extremamente negativos para as famílias, são um elemento positivo para o mercado. O aumento dos aluguéis permite que os capitalistas implementem uma política de rapina, no sentido de apropriação de uma parcela maior dos salários.
Os despejos significam o lançamento de famílias inteiras às ruas, isso num contexto de extrema vulnerabilidade social. Ter uma moradia é apontado por todas pelos órgãos sanitários nacionais e internacionais como um dos principais fatores para se evitar o contágio pelo COVID-19.
As violentas ações de despejo promovidas pela polícia atendem aos interesses do mercado imobiliário, que se aproveita do contexto para pressionar os governos para que estes atendam aos seus interesses econômicos. A burguesia, que controla os imóveis, não tem qualquer preocupação com as consequências dos despejos e com o avanço da pandemia, uma vez que visa a manutenção de seus lucros.
É preciso mobilizar a população e exigir o fim dos despejos e impedir a cobrança de alugueis enquanto durar a pandemia. Os trabalhadores estão tendo que pagar a conta do declínio econômico, enchendo os bolsos dos especuladores imobiliários.