As torcidas organizadas brasileiras vêm, nos últimos tempos, se posicionando na vanguarda da luta contra o fascismo. As torcidas antifascistas são a expressão da politização do povo, que adentra o futebol, criando resistência à tentativa capitalista de transformar o esporte em mero produto comercial.
No futebol, assim como nos demais esportes, há uma tentativa agressiva da burguesia em despolitizá-lo. Torcidas, jogadores e clubes são punidos pelas entidades controladoras por exporem suas posições políticas.
As torcidas antifascistas surgem como contraponto ao capitalismo. Elas são nada mais que o ponto de vazão das insatisfações do povo. Assim, fica claro que o influencia e é influenciado pela sociedade. Não há como separar as duas coisas. Portanto, o futebol é espaço político.
Mas engana-se quem acha que a politização das torcidas é coisa dos últimos tempos. As torcidas organizadas são, historicamente, organizações formadas, em grande medida, por membros da classe operária. Portanto, carregam, em grande medida, a visão política da classe.
Recentemente, membros da Torcida Jovem do Flamengo (TJF), conhecidos como “Antigos”, principalmente das duas primeiras gerações da torcida, publicaram um manifesto convocando a TJF a lutarem no front progressista contra a arma da burguesia, o fascismo. Os “Antigos” lembram os mais “novos” que a TJF foi fundada sob um espírito rebelde e transgressor, que se opunha à ditadura militar.
O manifesto recorda do posicionamento da TJF de opoio aos movimentos sociais e as grandes causas nacionais. A torcida se posicionou a favor do povo na “Diretas já!”, nas eleições de Lula e Brizola, no “Fora Collor” e no combate às privatizações.
Além das causas locais, a TJF já homenageou revolucionários como Che Guevara e Fidel Castro e Mao Tsé-Tung, além do Aiatolá Komeini, do Saddan Hussein e do grupo Sendero Luminoso. Isto torna explícitas as raízes anti-imperialistas da torcida.
Por fim, os “Antigos” convocam os demais membros a lutarem contra a direita e os capitalistas, que estão, pouco-a-pouco, tirando o futebol do povo e entregando aos interesses do capital. Cabe salientar também o posicionamento contra a política genocida da direita encabeçada pelo presidente ilegítimo Jair Bolsonaro.
Em reação a este manifesto, a TJF, de maneira oficial, publicou nota com mesmo teor, ratificando os argumentos dos “Antigos”. Assim, a torcida mostra concordância com suas origens e, por conseguinte, com a luta da classe operária. A atitude demonstra a clareza política dos integrantes da torcida.
Esta e outras ações por parte das torcidas organizadas pelo Brasil inteiro se mostram corretas e bastante conectadas com a realidade das massas oprimidas. A mobilização popular é, como estão fazendo as torcidas organizadas, um passo necessário não apenas a luta contra a elitização do futebol e seu descolamento da realidade das massas, mas também da luta contra o golpe e seus desdobramentos.
Abaixo seguem o manifesto e a nota citadas na matéria: