Jair Lopes ingressou no partido este ano e irá representar o PCO nas eleições de 2020 em Belém do Pará. Ele vive em Ananindeua (PA), próxima da Capital e trabalha como desenhista.
Como e quando você conheceu o PCO?
Então, eu conheço o PCO desde 2014. Só que na época não me despertou interesse. Depois, em 2017, eu vi o Rui ser mencionado numa postagem no Facebook, fiquei curioso e fui procurar saber mais a respeito, aí eu achei uns trechos das análises de sábado no Youtube. Assisti e achei interessante os pontos de vista dele sobre a situação política internacional e brasileira. Achei bem diferente do que eu via nos veículos de esquerda, bem mais realista.
Eu só fui entrar no partido recentemente, em julho deste ano.
Qual a sua profissão/formação?
Eu sou formado em Design, mas trabalho com desenho e ilustração.
Do ponto de vista de um artista, como você encara os ataques de Bolsonaro à sua área?
É um retrocesso total. Uma coisa que aprendi bastante com o partido, a respeito da arte, é que não se deve impor limites ou barreiras à arte e à liberdade de expressão no geral. Este é um retrocesso que a gente tá vendo não só por parte da direita, mas da esquerda também, com os identitários querendo “cancelar” o pessoal por mostrar alguma coisa que possa ser considerada machista, racista, etc. Enfim, a arte, para mim, tem que ser livre, cada um fala do que quiser, mostra o que quiser. A gente pode debater a qualidade da coisa, mas aí querer censurar, criar uma lei dizendo que não pode mostrar isso e aquilo, eu acho totalmente errado.
Como estão as atividades do partido em Belém (PA)?
Nós temos feito panfletagens na periferia de Ananindeua, uma cidade que fica na região metropolitana de Belém. Além disso, estamos participando de atos políticos, como no “Grito dos Excluídos”, no ato dos Trabalhadores dos Correios que estavam em greve.
Quais são as plataformas principais da sua campanha para prefeitura?
O Partido vai participar das eleições municipais para levantar as palavras de ordem “Fora Bolsonaro!”, e Lula candidato em 2022. Até porque, na nossa perspectiva, não é porque a eleição é municipal que nós vamos abrir mão dessas bandeiras para abordarmos problemas locais e miúdos dos municípios do Brasil. Seria como se pegássemos cada cidade e as isolássemos dos problemas nacionais. É claro que cada cidade pode ter a sua respectiva realidade, mas não dá pra tratarmos dela sem mencionar estas pautas. A esquerda participa das eleições sem levar em conta os retrocessos que o país sofreu com o golpe de Estado. Eles vivem sob a ilusão que de a eleição vai mudar alguma coisa, mas não vai mudar nada.
Diante da situação política do país, existe alguma expectativa de que você possa ganhar as eleições?
A chance é totalmente zero, ainda mais aqui no Pará, em que há uma briga entre duas oligarquias, representadas pelo MDB e PSDB. Até teve um prefeito do PT, em Belém, o Edmilson, que governou entre 97-2004, mas desde então só “deu direita” nas eleições municipais, e na eleição estadual, a única vez que a esquerda governou foi com a Ana Júlia, do PT, entre 2007-2010. É um intervalo de quatro anos do PT no meio de cinco mandatos do PSDB. Agora o PMDB voltou a comandar aqui no Estado, porque o PSDB está muito desgastado, tá muito queimado aqui no estado, reflexo da crise nacional do PSDB
Se você não acredita que vai ganhar, então por que participar das eleições?
A eleição é aquele jogo de cartas marcadas, ainda mais as eleições municipais, que são super manipuladas pelas oligarquias em várias regiões. Hoje o pessoal não tem ilusão nenhuma que a gente vai ganhar as eleições e mudar alguma coisa através das políticas institucionais, então a gente usa a eleição para difundir o nosso programa, já que é um momento em que, por mais que a gente critique o quão despolitizadas são as eleições, a população em geral tá mais interessada em política, o que facilita na difusão das idéias do partido entre a população. Não teremos tempo de televisão. Outro problema da eleição, os partidos menores tem de 5 a 10 segundos de propaganda eleitoral, na melhor das expectativas. PCO vai participar desta eleição e vamos usar a eleição para difundir o nosso programa, levantando principalmente as nossas palavras de “Fora Bolsonaro” e Lula candidato em 2022. Para isso, temos um programa que só será realizado mediante uma grande mobilização popular.