A greve chegou para os trabalhadores do transporte público de Itanhaém, cidade do litoral paulista. Eles avançaram do primeiro para o segundo dia, e estão reclamando a falta de pagamento integral de salários e benefícios.
Com grande êxito, a greve alcançou 100% de paralisação dos funcionários da empresa Litoral Sul, que é uma concessionária do serviço público junto à prefeitura do município. Por conta da paralisação, a empresa não teve alternativa senão suspender o serviço.
A reclamação é pertinente já que a empresa vem pagando fracionado, quando paga, os valores devidos a título de remuneração do pessoal, incluindo cestas básicas, e vale-refeição. E o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Santos e Região (Sindrod), levantou a greve para cobrar a definição da situação, e afirmam que os trabalhadores manterão a greve enquanto não forem pagos todos os atrasados, ou o que for definido na justiça.
É o que diz José Alberto Torres Simões, Vice-Presidente do Sindrod: “Até o momento, o sindicato não foi notificado de nenhuma decisão ou dos pagamentos”.
Por sua vez, a prefeitura vem a público para dar uma satisfação e dizer que entrou na justiça para obrigar a empresa a prestar o serviço para o qual foi contratada. Mas ela, a empresa, responde à prefeitura que não tem como pagar e que estão sem dinheiro.
O Sindrod, no meio dessa briga, diz que está parado na porta da empresa e que a turma, 150 funcionários, só trabalha se receber. No total, a empresa possui um frota com 36 veículo, mas, por conta da pandemia, somente 14 estão circulando.
Jorge Eduardo dos Santos, o procurador-geral de Itanhaém, disse em entrevista na mídia, que a prefeitura foi notificada sobre a greve dos trabalhadores, e, mediante isso, tomou as medidas jurídicas que garantam judicialmente a manutenção de 40% da frota em horários normais, e 80% em horários de pico.
As empresas estão acostumadas ao fornecimento de transporte com os ônibus lotados, e triplicando o lucro com essas péssimas condições. Com a pandemia, e a necessidade do distanciamento como medida de precaução, os ônibus não só não podem andar lotados, como devem limitar o número de usuários por ônibus, o que faz com que, em vez da quantidade normal de ônibus, eles tenham que dobrar a frota, e contratar pessoal para isso, o que, decididamente, essas empresas não querem fazer. Eles, em vez disso, preferem desistir de fazer o procedimento correto, e da concessão, já que não vão mais ver lucro, não pelo menos no curto prazo, e ainda terão que investir para suprir as necessidades impostas pela pandemia.
O serviço público é terceirizado com a concessão, quando deveria ser estatizado. Com isso, a população não tinha e não vai ter um serviço decente, porque tudo faz parte de uma regime de governo neoliberal, que entrega ao mercado, e as empresa privadas, a tarefa de explorar o serviço público, no caso o transporte, numa trama de corrupção onde só o que interessa é o lucro, e sem nenhum consideração com o usuário dele, a população.
O sindicato não pode esperar a decisão do judiciário, nem um beneplácito da prefeitura. Ocupar a garagem e assumir o controle da empresa é a única alternativa que pode tirar o trabalhador da mira do calote que ambas estão preparando, que, como de costume, contará com a conivência do poder público, o que inclui também o judiciário.