Bolsonaro autorizou em setembro, o uso da Força Nacional em assentamento da Bahia, e que estão relacionados a uma disputa entre o Movimentos dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e o Agronegócio, especialmente latifúndios de eucalipto, em áreas onde foram desapropriadas por interesse social e destinadas a agricultores familiares.
A Força, com a coordenação da Polícia Federal, veio com a proposta de apoiar o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em assentamentos ligados ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) nos municípios de Prado e Mucuri, onde se concentrou, zona de forte atuação do MST. Ali está localizado o assentamento Rosa do Prado, que reúne 265 famílias, e, a cerca de 50 km dali, o assentamento Jacy Rocha, que concentra outras 223 famílias do MST.
O MST é da opinião de que o assentamento Jacy Rocha, é o verdadeiro alvo da Força Nacional, já que, é estrategicamente como um dos pontos fortes da luta do MST no estado. Lá o movimento está voltado para o desenvolvimento da agroecologia, uma técnica que dispensa a utilização de venenos no plantio, sendo, inclusive, reconhecida como“assentamento-modelo” do MST, cumprindo a tarefa de formar e orientar os demais na região, onde o movimento tem construído forte posicionamento político neste sentido e excelentes resultados. Um exemplo disso foi a criação da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, localizada no Jacy Rocha.
O Secretário Especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Antônio Nabhan Garcia, é o homem forte no jogo político do agronegócio. Como ferramenta importante nesse jogo. o secretário tem se utilizado do Incra para atingir o MST, e supervisionou de perto, in loco, a ação da Força Nacional. No seu currículo, Nabhan tem a presidência da UDR, e é latifundiário conhecido por ter promovido inúmeros massacres contra trabalhadores rurais na região do Pontal do Paranapanema, sendo inimigo declarado que ameaça acabar com o MST. Ele está atuando em várias regiões do país em nome do governo Bolsonaro para privatizar assentamentos, fazer despejos, e usar todo o tipo de violência contra os trabalhadores do campo. Na verdade, os crimes imputados ao MST são farsas promovidas por gente da extrema direita, empresários especuladores do mercado imobiliário, grileiros, policiais e jagunços contratados para aterrorizar as famílias em diversos assentamentos espalhados pelo Brasil inteiro, e que, só na Bahia, são mais de 4000 vivendo em assentamentos.
O caso da região que já se arrasta a algum tempo, teve um novo capítulo em janeiro deste ano, quando o Incra ingressou com um pedido de reintegração de posse na Justiça Federal relacionado ao assentamento Rosa do Prado. A argumentação é de que cerca de 150 pessoas alheias ao assentamento estariam vivendo lá. O desembargador revogou a liminar considerando que o Ministério Público não havia se pronunciado sobre a questão. Mas depois, em maio, voltou atrás, quando o Incra alegou novos fatos, alegando violência e irregularidades no movimento, mas, na verdade, tudo não passou de artimanhas para motivar o envolvimento da Força Nacional, acionada por Nabhan, para favorecer o Agronegócio na luta contra o MST, na posse das terras em questão, sendo fundamental a justiça para fazer crer a opinião pública, que foi respeitado o devido processo legal, feito um julgamento justo e democrático, contra os perdedores do processo, o MST, verdadeiros usurpadores de terras.
Mas, como se sabe, é exatamente o contrário. Bolsonaro e Nabhan, coordenando a Força Nacional, querem desmontar o trabalho do MST na Bahia e acabar com a Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, localizada no Jacy Rocha, por ser um vetor importante consolidando uma atuação política que ajuda a estruturar os demais assentamentos no Brasil inteiro. Inclusive, os 150 alegados pelo Incra na ação, foram militantes que se instalaram de passagem, tão somente para receberam formação nos curso promovidos pela Escola de Jacy da Rocha, ou seja, tudo não passa de uma trama sórdida arquitetada por Nabhan e executada pelo Incra, com a ajuda da Justiça e da Força Nacional.
De fato, o STF, em resposta a uma ADIN do governo da Bahia, em decisão proferida pelo Ministro Fachin, determinou a retirada da Força Nacional. Mas esse é o Estado fascista do golpista Bolsonaro, cujo esforço tem sido o de prestigiar latifundiários criminosos do tipo de Nabhan na luta contra os trabalhadores rurais e sem terra, que, tendo a máquina estatal e sua força repressiva por trás, avança para destruir todas as organizações sociais que, como o MST, militam na defesa intransigente do setor.
É preciso mobilizar pelo Fora Bolsonaro, e contra essa política de privatização dos assentamentos, e o ataque contra as famílias de trabalhadores rurais do sul da Bahia, e de todo o Brasil.