As eleições polonesas estão acirradas entre dois candidatos, um de extrema direita, atual presidente do país, e um candidato liberal, ou podemos chamar de “direita democrática”. No último domingo (28), ocorreu o primeiro turno das eleições, e o até então favorito, o ultraconservador e atual líder de estado polonês Andrzej Duda venceu o primeiro turno, mas com pequena vantagem, levando as eleições para um segundo turno com o candidato liberal Rafal Trzaskowski, atual prefeito de Varsóvia. Duda recebeu 43,7% dos votos, e Trzaskowski ficou com 30,3%.
O surgimento de Trzaskowski na disputa como uma opção opositora a Duda não acontece à toa, mas é mais uma manobra imperialista de influenciar as mobilizações populares no mundo todo, colocando um político de direita, porém mais “moderado” para ser uma segunda opção diante da extrema direita. Antes da pandemia, o atual líder polonês tinha até mesmo uma ampla vantagem nas pesquisas eleitorais, sendo sustentada pela população mais conservadora do país. Com os indicadores econômicos sendo prejudicados pela pandemia além da crise econômica e as políticas direitistas que atacam os trabalhadores, Duda foi perdendo popularidade e assim surgiu a “melhor opção” apresentada para a população, levando a insatisfação e os anseios do povo para o âmbito eleitoral e não de mobilização popular, como deveria ser em todas as partes do mundo, já que as eleições são utilizadas amplamente como uma forma de manipulação e manutenção dos privilégios burgueses, principalmente em épocas de crise.
Colocado como um candidato menos conservador ou mais “democrático”, Trzaskowski apareceu como uma solução frente à extrema direita e uma opção para os anseios da população, mas novamente vemos as manobras imperialistas para o que realmente importa, já que Trzaskowski faz parte da ala liberal que trabalha principalmente em favor dos grandes bancos e dos grandes capitalistas. A falsa ilusão de que um candidato direitista ou liberal possa ser menos pior para os trabalhadores ou que o mesmo vá trabalhar para resolver seus problemas não é algo novo, mas surge como uma forma de impedir movimentos legitimamente populares e suas mobilizações, colocando que o processo eleitoral seria a grande solução para seus problemas. Podemos perceber algo parecido no Brasil, que ao nos depararmos com um governo de extrema direita completamente fascista como é o de Jair Bolsonaro vemos a criação de uma “Frente Ampla” com setores tão direitistas quanto o presidente, mas que aparecem como “democratas” por fazerem críticas ao governo, sendo que seus anseios são muito parecidos, em continuar as políticas que beneficiam a classe burguesa e colocam a classe operária em situação cada vez pior, além de deslegitimar e desmotivarem quaisquer lutas ou mobilizações populares para a resolução dos seus problemas.
Em ambos os casos, tanto na Polônia quanto no Brasil, vemos os agentes do imperialismo em ação para desmotivar as mobilizações populares, colocando-se como uma solução democrática a população, porém, o que é muitas vezes esquecido, é o caráter tão devastador que políticos liberais possuem assim como os de extrema direita. São eles os responsáveis pelas políticas que beneficiam os grandes bancos, a grande burguesia e que aplicam medidas severas para com os trabalhadores para garantir seus lucros durante a crise, fazendo com que o trabalhador pague por ela. A resolução dos problemas da população só acontecerão com a mobilização popular e a tomada do poder pela classe trabalhadora, por isso a necessidade de se apoiar em toda a classe operária e sair as ruas para a sua reivindicação de direitos, não confiando em políticos oportunistas que servem ao capital e a grande burguesia.