Direita inimiga da cultura.

Ilê Aiyê, um dos mais tradicionais blocos da Bahia, pode perder a sede

Mais que a sede de um bloco de carnaval, o local abriga importantes iniciativas para cultura popular negra em um bairro considerado perigoso e com a maior população negra do país.

O Ilê Aiyê, bloco de carnaval afro mais antigo de Salvador, e que ao longo de sua trajetória conseguiu se firmar como uma importante associação cultural para a população negra da região, está sob de risco perder sua sede que já se encontra penhorada e pode ser leiloada. Isto por determinação da Justiça do Trabalho para pagamento de dívida trabalhista no valor de 400 mil reais.

A sede da Associação Cultural Ilê Aiyê, chamada de Senzala do Barro Preto, fica localizada no Curuzu, e sua construção custou por volta de 5 milhões de reais com financiamento do BNDES, Petrobras e Eletrobras. A possibilidade de o grupo perder um de seus patrimônios materiais mais importantes é preocupante, não se trata apenas da sede de um bloco de carnaval, mas de um local que abriga importantes iniciativas para a cultura popular negra, em um bairro considerado um dos mais perigosos da capital e com a maior população negra do país. Hoje o centro conta com diversos projetos para a população local, principalmente a juventude. Com uma escola de ensino infantil e fundamental com 240 alunos;  uma escola de arte e educação com 400 alunos, onde há aulas de percussão, dança, canto e coral, etc; e uma escola profissionalizante. Em todas as atividades oferecidas são colocadas questões como história do povo negro e racismo.

As iniciativas do grupo Ilê Aiyê são em sua grande maioria realizadas por pessoas que já passaram pelo projeto, muitos são alunos que se tornaram professores nos projetos, familiares de alunos, moradores do bairro do Curuzu, etc. Ou seja, o centro, embora receba um incentivo ou outro de instituições maiores ou do governo, se mantém graças a ação popular da classe trabalhadora que reconhece nos projetos do Ilê Aiyê um ponto de apoio e evolução para a própria classe diante da ausência de iniciativas e do abandono do estado conduzido pela burguesia, por isso mesmo entendem a importância de contribuir para os projetos realizados pelo povo.

A condenação da Justiça demonstra a fragilidade de ações como as do Ilê Aiyê em meio a um cenário onde prevalece os interesses dos capitalistas. Ao mesmo tempo em que grupos culturais como o Ilê Aiyê e tantos outros fazem malabarismo para sobreviver e sobrevivem por conta do apoio popular que recebem, empresas de entretenimento comandadas pela burguesia, e que produzem pouco ou nenhum conteúdo cultural relevante lucram absurdamente e engolem as iniciativas culturais de bairro. Essas mesmas empresas, não só no ramo cultural, conseguem passar sem muitas dificuldades por condenações trabalhistas, ambientais, etc, e muitas vezes sequer arcam com as condenações.

Bom exemplo dessa discrepância é o caso da empresa Itapemirim que tem 300 milhões de reais em dividas trabalhistas e está prestes a receber um bilhão de reais, não para pagar os trabalhadores, mas para abrir uma linha aérea. Ou a obra da Arena Porto, em Porto de Galinhas, que tem como Sócio Wesley Safadão e o magnata Janguiê Diniz, consistindo na destruição de 40 hectares de mata atlântica para a construção de um centro cultural privado que beneficiaria apenas a burguesia, e que apesar de todas as implicações ambientais e jurídicas, tende a se concretizar.

Por outro lado, em especial diante de um governo fascista como o de Jair Bolsonaro, não há nenhum interesse na manutenção de espaços como o Ilê Aiyê. O poder publico, dirigido pela burguesia, longe de incentivar a criação e manutenção desses espaços, age para sejam destruídos, visto que não atendem aos interesses dos capitalistas. E é por esta razão que projetos como o Ilê Aiyê não devem alimentar ilusões com as instituições burguesas, visto que só existem devido a iniciativa popular.

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