No início do ano, quando o governo Bolsonaro viu que a economia não iria se comportar da forma que o ministro Paulo Guedes anunciara e prevendo uma queda na popularidade, o presidente ilegítimo deu luz verde para que fosse preparado um plano de desenvolvimento.
Isso acabou colocando banqueiros e rentistas em posição de conflito e mexeu com o status do ministro todo-poderoso da Economia. A mídia chegou a dizer que havia um conflito entre militares e financistas (Veja, 22/4/2020). Tudo acabou em trégua e paz, já que não havia, na verdade plano algum de investimento. Os recursos eram tão pequenos que mostravam-se ridículos em comparação aos planos apresentados nos governos Lula e Dilma. E, ao final, viu-se que não havia conflito algum, o ministro Guedes saiu fortalecido e os militares se mostraram subordinados aos interesses do capital financeiro internacional.
Agora, Guedes libera a possibilidade de um novo plano de investimentos em negociação com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. E o programa Minha Casa Minha Vida, passando a chamar- se “Casa Verde-Amarela” será principalmente um programa de regularização de terras griladas em áreas urbanas (Agência Estado, 18/6/2020). Muito provavelmente irá ajudar a dar um verniz de legalidade a obras como as da milícia ligada aos Bolsonaros no Rio de Janeiro. Aquelas construções que ganharam repercussão nacional porque um dos prédios ruiu e matou seus ocupantes (Folha de S.Paulo, 12/4/2020).
O plano que deu origem ao conflito de abril estimava mobilizar investimentos de R$ 33 bilhões em 2020, agora o projeto é aplicar-se R$ 16 bilhões em três anos. Já era um plano ridículo, como afirmou a ex-ministra Míriam Belchior ao se referir ao Plano Pró-Brasil de abril, agora é uma coisa que nem nome pode se dar de tão insignificante.
É difícil, mas o governo tenta equilibrar noticias e gestos para a propaganda de que haverá políticas pós-pandemia para salvar a economia com a política mestre de geração de recursos para satisfazer a fome do capital financeiro e as grandes empresas. A política de privatização total e de aceleração do ajuste fiscal não conduzirá a crescimento algum no pós-pandemia, mas o governo não pode ficar refém disso, mesmo recrudescendo sua veia autoritária e repressora. Por isso, ensaia políticas públicas que possam agradar parcelas da sociedade.
Neste caso, aparece novamente a ligação do governo com o crime organizado, com as milícias e com setores econômicos que têm, ao longo da história brasileira, se beneficiado por roubar o patrimônio público e se apropriar de bens sociais. Por isso, o foco do novo programa de apoio a habitação popular será com foco na regularização fundiária, provavelmente não aquele demandada por movimentos por moradia e sem teto, mas aquela feita pelo crime organizado e pela grilagem de terras urbanas, que invadem parques, áreas de proteção ambiental e áreas públicas em todas as grandes e médias cidades brasileiras.
Com isso, o plano poderá ser propagandeado como um plano de desenvolvimento, tentando esconder o que realmente será de fato.




