O governo Bolsonaro anunciou que ia distribuir 46,2 milhões de testes do coronavírus para aplicação na população. Contudo, somente foram enviados 2 milhões de testes rápidos aos Estados para serem aplicados nos profissionais da saúde, e 524,3 mil testes do tipo RT-PCR, que são mais caros e mais precisos. Isto significa que só 6% do número total anunciado foi efetivamente concretizado.
A pandemia do coronavírus se alastra pelo país, já infectou dezenas de milhares de cidadãos e foi responsável pela morte de aproximadamente três mil. A situação já dura mais de um mês e os impactos sociais e econômicos são enormes. As redes públicas de saúde estão chegando ao limite de sua capacidade, e, no Estado do Amazonas, particularmente na cidade de Manaus, a situação já é de colapso . Até o momento, Bolsonaro tem se dedicado a subestimar a epidemia, apontar fórmulas mágicas como a hidroxicloroquina, pedir orações para os líderes da extrema-direita evangélica, fazer demagogia com sua base social fascista e participar de manifestações públicas a favor do AI-5, da tortura e da ditadura militar, a última delas em frente a o Quartel-General do Exército em Brasília.
Integrantes do Ministério da Saúde relataram que há forte pressão sobre o governo federal no sentido da ampliação do número de testes no país, que até agora é pífio. A pasta recomendava a aplicação do teste somente para os profissionais da saúde que atuem diariamente no combate ao covid-19. A orientação mudou em boletim publicado neste final de semana, quando foi colocada a necessidade de ampliar “progressivamente” a testagem para idosos, portadores de condições de risco e a população economicamente ativa.
A burguesia pressiona os governos para a decretação do fim do isolamento social, preocupada com a possibilidade de grandes mobilizações e convulsões sociais que ameaçam explodir no país. Observa-se um aprofundamento diário da miséria, da fome e do desemprego.
O que importa para a burguesia é a manutenção de sua condição de classe dominante, seus lucros e privilégios. Não há qualquer preocupação com as condições de vida da população, que há muito está sendo exposta à contaminação e morte. Com o fim da quarentena, os trabalhadores vão ser expostos massivamente ao contágio.
Bolsonaro já declarou que 70% da população vai contrair o covid-19. Isso significa que o governo não tem qualquer intenção de combater verdadeiramente a pandemia, e, para ocultar isto, trata a infecção com naturalidade, uma infeliz fatalidade. O número de testes enviados para aplicar na população é revelador. Quem pode pagar terá acesso ao testes e tratamento adequado com isolamento e respiradores mecânicos. Quem não puder pagar, caso da esmagadora maioria da população pobre e trabalhadora, vai amargar ou morrer nas filas dos hospitas públicos precarizados e superlotados.
