Dentre as forças políticas que gravitam na órbita da esquerda brasileira, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) foi, longe de qualquer dúvida, o que mais se empenhou em atacar e caluniar, com argumentos essencialmente direitistas (encobertos por um fraseado esquerdista), o Partido dos Trabalhadores (PT) e seu dirigente maior, Luís Inácio Lula da Silva, desde os acontecimentos que marcaram a ofensiva da extrema direita contra a esquerda nacional em seu conjunto, culminando com o impeachment e o golpe de Estado em 2016 e a prisão do ex-presidente Lula em 2018.
Este mesmo partido, o PSTU, dirige há vários anos um dos mais importantes sindicatos de base operária do País, os metalúrgicos de São José dos Campos e Região. No entanto, ao invés de atuar e agir para organizar a luta dos operários contra a ofensiva dos patrões capitalistas da principal montadora de veículos que mantém sua unidade fabril na cidade, a multinacional imperialista General Motors (GM), o partido que se apresenta (no discurso) como “radical e combativo”, nada ou muito pouco faz quando o ataque patronal atinge duramente o conjunto dos trabalhadores e suas famílias.
Uma situação que ilustra de forma inconteste esta política pelega e direitista dos “combativos e radicais” morenistas está na postura adotada pelo PSTU, de completa paralisia, diante das “férias coletivas” anunciadas pela GM para 1,2 mil operários da linha de produção. De acordo com o comunicado da empresa, “a parada foi planejada para a adequação da linha para a chegada de novos investimentos. A volta está prevista para depois do carnaval” (G1, 10/02).
A direção do Sindicato, diante da ameaça que paira sobre os trabalhadores (as férias coletivas geralmente veem acompanhadas de demissões e corte nos postos de trabalho) se limitou a anunciar, em janeiro, as ‘férias coletivas”, sem que tenha havido qualquer iniciativa dos “radicais” do PSTU para organizar ou mesmo denunciar as verdadeiras (más) intenções dos capitalistas da multinacional norte-americana, cujo intuito, com as “férias coletivas”, é ameaçar os operários com o facão das demissões.
Longe de fazer o que é o básico e elementar como dever de uma direção que se pretende representante e defensora dos interesses dos trabalhadores, o PSTU procura ocultar a sua capitulação diante da patronal levando adiante campanhas de caráter puramente moral e totalmente inócuas, como a iniciativa do partido em São José dos Campos-SP, coletando assinaturas junto à população para um Projeto de Iniciativa Popular pela redução do salário dos vereadores da cidade.
Este, portanto, é o horizonte político dos “combativos e revolucionários” críticos do PT e de outros setores da esquerda nacional que lutam, de forma consequente, contra o golpe, a extrema direita e o imperialismo. No lugar de fazer uso da estrutura que dispõem enquanto direção de uma importante entidade de luta para denunciar e organizar o ataque e a ofensiva dos patrões, o PSTU está preocupado em “reduzir o salário dos vereadores”, como se isso fosse capaz de produzir qualquer resultado prático na vida dos trabalhadores ou mesmo dos cidadãos comuns da cidade.
Será que reduzir em alguns tostões o salário dos vereadores de um município é tarefa mais importante ou se constitui em luta superior à manutenção do emprego de mais de mil trabalhadores e suas famílias? Com a palavra o PSTU e seus dirigentes.