Em entrevista recente (3/09), dada ao jornal golpista Folha de S. Paulo, Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann, defendeu o retorno às aulas presenciais, sobretudo na rede pública, mesmo em meio a pandemia da Covid-19. A posição defendida por Mizne, ainda que com altas doses de cinismo, revelou o conteúdo da política genocida que a burguesia de conjunto quer impor ao país para atender seus próprios interesses.
Para Mizne, refletindo a posição da Fundação Lemann e por tanto dos banqueiros e grandes capitalistas, as escolas devem voltar às atividades presenciais, pois na sua concepção é “difícil compreender por que o último setor para que iremos discutir protocolos de reabertura seja o setor educacional. Quando a gente já vê as cidades autorizando o funcionamento de restaurantes, bares, shoppings, todo tipo de comércio, me parece uma resposta excessivamente pautada na pressão de alguns grupos”.
A justificativa para o retorno aparece pela sua boca como uma questão quase humanitária, estariam ele e a Fundação Lemann preocupados com o futuro dos jovens que estão sem educação escolar e também com sua saúde mental, pois, o afastamento do convívio social pode causar sofrimento, em suas palavras: “a gente aprendeu a funcionar na pandemia em diversas áreas, com o retorno ao trabalho, ida ao mercado, fábricas e escritórios retomaram suas atividades, então temos que aprender a funcionar na escola também. Não fazer essa discussão é privar os alunos do convívio social, do direito a aprender, do futuro”.
Evidentemente, que não há nada de humanitarismo, mas o contrário. O recurso a esse argumentos tem apenas o sentido de disfarçar a política desumana; genocida que estão promovendo contra o povo brasileiro. Essa posição de retorno às aulas presenciais sem vacina e sem o fim da pandemia é a expressão da política adotada pela burguesia de conjunto, mas dirigida pelos bancos, de retorno a atividade econômica normal em detrimento da saúde da população, já que não há e não vai haver da parte dos governos qualquer tentativa séria de combate à pandemia e defesa da vida do povo.
Após um primeiro momento em que os governos estaduais procuraram diminuir o impacto do vírus nas classes altas e médias, por meio da limitadíssima política de isolamento social, que circunscreveu o vírus aos bairros operários, na população trabalhadora e pobre, privada de qualquer isolamento social, a burguesia de conjunto, assustada com crise econômica, mas totalmente contrária a tomada de medidas de emergência e grande investimento da parte dos governos para enfrentar a pandemia, adotou completamente a posição bolsonarista, cujo meio de enfrentar a crise é ignorá-la, assim como ignorar os efeitos, ou seja as centenas de milhares de vidas que ela ceifou.
A abertura das escolas se coloca nessa perspectiva, é fundamental para o retorno completo da atividade econômica, e também para proteger o setor educacional privado e os bancos que correm o risco de não terem quitados os empréstimos feitos a este setor, que escolas e universidades voltem às aulas. Um puro cálculo econômico que levará a morte de dezenas ou centenas de milhares de pessoas se for realizado.
É preciso se opor completamente à política genocida de retorno às aulas, ainda mais em escolas sem nenhuma condição de garantir nenhum requisito sanitário adequado para proteção ao vírus, como é o caso das escolas públicas e também de muitas privadas. Responder essa monstruosidade com a uma forte mobilização de professores, funcionários, pais e estudantes. A burguesia quer transformar as escolas em campos de propagação da doença, campos de extermínio dos jovens e de seus familiares.
Retorno as aulas só com o fim da pandemia e a vacina.