A Invasão da Baía dos Porcos (conhecida em Cuba como La Batalla de Girón) com alusão à praia onde foi o primeiro desembarque, foi uma tentativa em vão de invadir o sul de Cuba empreendida em abril de 1961 por um grupo paramilitar de exilados cubanos anticastristas (a chamada Brigada de Assalto 2506). O grupo fora treinado e dirigido pela CIA, com apoio das Forças Armadas dos Estados Unidos. O objetivo da operação era derrubar o governo socialista de Fidel Castro.
O plano foi lançado em abril de 1961, menos de três meses depois de John F. Kennedy ter assumido a Presidência dos Estados Unidos. A arriscada ação terminou em fracasso. As forças armadas cubanas, treinadas e equipadas pelas nações do Bloco do Leste, derrotaram os combatentes do exílio em três dias e a maior parte dos agressores se rendeu.
O ataque à Baía dos Porcos fazia parte da chamada “Operação Mangusto”, que tinha como objetivo derrubar o recém-formado governo comunista e assassinar o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro. Depois de três dias de combates, os invasores foram vencidos e Fidel declarou vitória sobre o “imperialismo americano”.
Fidel Castro já esperava um ataque direto à ilha, tendo sido alertado previamente por Che Guevara, que presenciara um ataque semelhante durante o golpe ocorrido na Guatemala. Com a invasão iminente, Fidel anunciou em discurso no dia 16 de abril de 1961, pela primeira vez, o caráter socialista da revolução e, no dia seguinte, teve início o ataque à ilha, na Praia de Girón, localizada na Baía dos Porcos.
Através da CIA, o governo estadunidense treinou 1 297 exilados cubanos, a maioria deles baseados em Miami, para destituir o governo de Fidel Castro. Como o planejado apoio da Força Aérea Americana fora vetado pelo presidente Kennedy, temendo envolver o governo dos Estados Unidos de forma institucional e aberta, a operação foi lançada com pouco apoio logístico dos Estados Unidos e acabou fracassando. Castro, temendo uma nova invasão americana, decidiu apoiar a ideia russa de instalar mísseis nucleares no seu país, o que precipitaria em uma nova crise na região, desta vez com proporções bem maiores.
A partir de 1959 quando se deu a Revolução Cubana e a queda de Fugêncio Batista, começaram a ser implantadas diversas reformas no país. As mudanças promovidas no campo da economia, e que conduziam Cuba à independência econômica fora do jugo do imperialismo estadunidense, desagradaram-no profundamente já que a pretendia como colônia sua, tendo como consequência o rompimento das relações entre os países.
Os revolucionários cubanos começaram a ser acusados de serem comunistas, apesar das negativas de Fidel Castro de ser ideologicamente alinhado ao comunismo. As ações dos Estados Unidos contra Cuba pavimentaram o caminho que levou a ilha caribenha a associar-se com a União Soviética, a grande inimiga dos americanos.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o cubano Pedro Antonio Guerra Zerquera, 70 anos, hoje aposentado e que vive da renda da hospedagem de turistas em sua residência, no bairro de Vedado (Havana), disse que na época foi um guerrilheiro que lutou ao lado de Fidel Castro na famosa batalha de Girón, e que depois dela muitas outras mais ainda foram travadas com os EUA. Disse ainda que: “As pessoas não sabem quantas vezes enfrentamos os EUA, porque eles tentaram retomar Cuba muitas vezes. E sempre vencemos. Eles bombardeavam depósitos de alimentos, lançavam bombas para queimar plantações, infiltravam agentes para organizar grupos de contrarrevolução. Em 1961 e depois, usaram sua força militar e o dinheiro. Os EUA tinham na época o avião mais avançado do mundo para espionagem. E com um foguete lançado em Pinar Del Río, onde ficavam as forças comandadas por Che Guevara, derrubamos o avião. O piloto se negou a reconhecer que estava por ordem dos EUA. Somente muitos anos depois, sua família reconheceu que era norte-americano. Em 1962, eles enviaram navios com mísseis para nos atacar, e Nikita Krushov [então presidente da URSS] também enviou tropas para nos defender.
Após 58 anos da invasão da Baía dos Porcos em Cuba, cubanos ainda se motivam e se inspiram no frustrado ataque premeditado da CIA para enfrentar, nos dias de hoje, o recrudescimento do embargo econômico pelos EUA, que, a pretexto de defender a liberdade e a democracia, se utiliza dos métodos mais sórdidos e covardes para saquear países menos desenvolvidos e impor a sua tirania.