“Desde a invenção da câmera Kodak, em 1889, fotógrafos com ambição artística lutaram para se distanciar do trabalho de amadores ou de simples profissionais interessados apenas em produção. E, como no caso de nosso contemporâneo Instagram, dentro do Foto Cine Clube Bandeirante havia muitos fotógrafos inventivos, ambiciosos, produzindo trabalhos inesquecíveis, enquanto outros eram menos originais”, analisa Sarah Meister, a curadora da mostra, uma adoradora da arte, que ajudou a destacar a coleção de brasileiros no museu norte-americano.
Será organizada em março do ano que vem, a exposição da moderna fotografia brasileira montada fora do País, a mostra Fotoclubismo: Brazilian Modernist Photography, que teve seu apogeu entre os anos de 1940 e 1960, no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). A mostra trará 140 fotos de 60 fotógrafos do histórico Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB), grupo de amadores que representou o ápice do movimento fotoclubista no Brasil. Sarah Meister destacou a importância de fotógrafos modernos como Thomas Farkas, o primeiro a entrar no acervo do MoMA, em 1949, Geraldo de Barros, German Lorca, Gertrudes Altschul, José Yalenti e Marcel Giró, entre outros.
Aqui no Brasil os principais são o PHOTO CLUB BRASILEIRO (uma das principais agremiações do gênero, responsável pelo incremento da fotografia como meio de expressão pessoal), fundado no Rio de Janeiro, em 1923. E o Foto Cine Clube Bandeirante, criado em São Paulo em 1939, cuja atuação é fundamental para o desenvolvimento da fotografia de autor no país, com diversas manifestações, como: exposições, concursos, salões, mostras internacionais. Também, organizou por anos o Salão Internacional de Arte Fotográfica e duas Bienais P/B, em 1972, e a Colorida em 2003. Na década de 40 temos o auge do fotoclubismo, movimento que reunia profissionais de diferentes áreas interessados na prática da fotografia como uma forma de expressão artística. Os primeiros fotoclubes surgem no início do século XX, mas é a partir dos anos 30 que passam a ter papel de destaque na formação e no aperfeiçoamento técnico dos fotógrafos brasileiros.
A curadora então conclui: “Acho fascinante que, embora os pioneiros modernos brasileiros estivessem ligados aos avanços da época e mais diretamente a Otto Steinert (fundador do grupo Fotoform) e outros associados à fotografia subjetiva, a ligação deles com fotógrafos norte-americanos se restringiu a amadores. Aparentemente não tinham contato com Harry Callahan ou Aaron Siskind”. A mostra também traz a relação entre a cultura política e a cultura visual, que se expressa, entre outras formas na produção da fotografia pública, para finalmente avaliar a produção fotográfica contemporânea na perspectiva do engajamento político como forma de autoria na fotografia pública.