Dados estatísticos de uma pesquisa intitulada Pesquisa de Orçamentos Familiares(POF) produzida pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, e divulgadas nesta última quinta-feira (17), revelaram que a fome atinge a 10,3 milhões de pessoas no Brasil, sendo que dessas, 7,7 milhões são moradores de áreas urbanas, e 2,6 milhões são moradores de áreas rurais.
Esse mapa da fome traçado pelo IBGE, também chegou à conclusão de que, como consequência da fome, as pessoas que vivem em condições de profunda insegurança alimentar grave chegam a 4,6% dos domicílios brasileiros, o equivalente a 3,1 milhões de lares, e que, em relação à 2015, a fome aumentou 43,7%.
O período da coleta de informações é o compreendido entre junho de 2017 e julho de 2018, com cobertura de quase 58 mil domicílios de todas as partes do país.
Como se pode ver, os dados mostram que um contingente de 44% do total, quase a metade das famílias de zonas rurais do país, convivem com a fome e a desnutrição, classificada como “grave” na avaliação do instituto, e também mais severa que a dos trabalhadores da zona urbana.
É bom frisar, ainda, que com a revisão de concessão de um auxílio emergencial em cinco parcelas de R$ 600 para o segmento sendo diminuída pela metade, o que aliviava um pouco o desamparo dessas pessoas, aumenta a insegurança alimentar na zona rural e denota a política de extermínio do governo com a população mais carente, notadamente a do campo.
A dura realidade da fome, conjugada à violência contra os trabalhadores do campo, dão os contornos de uma vida oprimida e subjugada pela opressão, o terror e a tortura, provocados pela evolução da ofensiva da extrema direita no Brasil, nestes últimos 5 anos pelo menos, em destaques depois do golpe de 2016.
Os massacres de trabalhadores sem terra não param de crescer, cada vez com maiores requintes de crueldade e selvageria da parte do latifúndio, com seus capangas armados até os dentes, e com a conivência da Polícia e do judiciário golpista. Um cenário que reclama defesa da necessidade de autodefesa dos trabalhadores sem-terra.
Os 5 últimos anos são relevantes, e, de fato, com o crescimento da extrema-direita a violência se acentuou. Mas, na verdade, sempre existiu uma enorme ofensiva contra os trabalhadores do campo vinda dos latifundiários e do Estado. As forças de repressão do Estado, judiciário e pistoleiros contratados pelo latifúndio estão atuando em conjunto e se sentindo bem à vontade para agir da maneira que acharem necessário para acabar com a luta pela terra. Isso podemos ver com prisões arbitrárias, ameaças de morte e assassinatos brutais. E a perspectiva é que esse número aumente exponencialmente.
Diante desse cenário é necessário dar aos trabalhadores do campo o direito mais elementar de defender sua vida e de seus familiares contra o massacre que vem ocorrendo oriundo do conluio entre as forças de repressão, pistoleiros e judiciário. Ao mesmo tempo, toda a esquerda, mas em especial os sindicatos e organizações operárias e democráticas, têm um papel fundamental na organização de uma ampla campanha contra o massacre no campo.
Com toda a certeza, a alternativa à fome e aos assassinatos no campo, a única saída é a expropriação sem indenização do latifúndio, como uma medida que aborta e destrói de vez a injusta distribuição do usufruto da renda da terra, e que socializa seu uso e caminha para um salto na qualidade de vida desses trabalhadores, na concentração de poder nas mãos dos trabalhadores, e para acabar com as injustiças provocadas pelos latifundiários.