Em artigo publicado pelo Estadão com o nome “Dias sombrios”, o ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso aconselhou Jair Bolsonaro a atacar os servidores brasileiros. Para isso, o tucano que até pouco tempo atrás tentava se vender como “democrata” e opositor ao governo de Bolsonaro, se utilizou de demagogia, dizendo que o país está em uma situação horrível, com pessoas passando fome e morando nas ruas, o que levaria à necessidade de uma reforma administrativa que retirasse direitos dos servidores públicos para que a inflação, os juros e o desemprego fossem controlados.
Essa política não só demonstra como a direita tradicional, o chamado centrão, é claro apoiador da política de ataques que Jair Bolsonaro vem fazendo contra a população, como demonstra que a burguesia sente a necessidade de esfolar ainda mais a população para que a crise econômica e política seja controlada.
FHC disse, inclusive, que Bolsonaro deveria agir “como um verdadeiro líder” e não se preocupar com a perda de votos, mas que leve adiante a política de destruição dos direitos dos servidores para que a crise seja contornada. O pedido vai no sentido de que a população possa ficar descontente, já que esses ataques levam necessariamente à fome, ao aumento do desemprego, perda de poder de compra dos trabalhadores e muitos outros problemas, mas, em contrapartida, a burguesia conseguiria manter relativamente seus lucros e sugar o dinheiro do estado em benefício próprio para que o regime político não sucumba, como sugere o artigo ao dizer que o governo de Bolsonaro deseja “aliviar logo os problemas da população” e não pensa ao longo prazo. O longo prazo necessitaria, para FHC, de inúmeras mortes e sacrifício por parte da população, no sentido de garantir o governo da burguesia por muito tempo.
Nesse sentido, os anos de Fernando Henrique Cardoso à frente da presidência foram extremamente eficazes. O país viveu um período de extrema desindustrialização, com a privatização de inúmeras empresas para a burguesia imperialista. Nesse período, o Brasil chegou a ter cerca de 50 milhões de pessoas passando fome, o que só seria mitigado nos anos do PT com a política dos programas sociais.
O artigo de FHC também serviu para que fosse feita propaganda do PSDB e da direita do centrão para a burguesia, querendo demonstrar como essa ala da política burguesa possui mais condições de realizar o desmonte do estado do que Bolsonaro, que é visto com muitas ressalvas por conta de sua postura declaradamente fascista, enquanto o restante da direita consegue esconder um pouco mais sua ideologia.
No sentido principal, que é a maneira com que o governo trata a população, ambas as alas têm o mesmo objetivo: o de fazer a população passar fome para que a burguesia consiga se manter no poder.
Para impedir a retirada de direitos é preciso que os servidores se mobilizem contra essa política, pedindo o Fora Bolsonaro e levando adiante uma mobilização pela candidatura de Lula a presidência, única personalidade no Brasil capaz de mobilizar as massas para bater de frente com o bolsonarismo.