Uma denúncia recebida pelo Diário Causa Operária na semana passada revelou o espancamento de um jovem estudante no interior de uma escola militar em Londrina no Paraná. De acordo com o relato, após uma desavença entre o garoto e outro estudante, o menino foi encaminhado para direção da escola, controlada pelos militares, e teria sido vítima de espancamento.
O jovem teria ainda evitado contar aos pais o ocorrido, o que só foi descoberto após os familiares desconfiarem do comportamento do garoto, o qual teria passado a ficar recluso em seu quarto. Após descobrirem a violência, os familiares foram até a escola e exigiram a transferência do garoto para outra unidade escolar.
A denúncia acontece no momento em que o governo golpista do Paraná, nas mãos de Ratinho Junior (PSD), anunciou que no próximo ano o modelo de colégio cívico-militar será imposto em 215 escolas do estado. Somente na regional de Londrina, 14 colégios deverão passar a ser gerido de acordo com este modelo: (5) Londrina, (3) Cambé, (2) Rolândia, (2) em Ibiporã, (1) Sertanópolis, (1) Bela Vista do Paraíso.
Trata-se de uma medida abertamente ditatorial contra a educação pública, professores e estudantes. São inúmeras as denúncias de censura, abusos, agressões e assédios, como os relatados acima, em diversos colégios militares que funcionam em todo o País.
Para tentar justificar a medida, o governador do Paraná se utilizou de uma mentira, afirmando que as escolas militares tem desempenho nos índices nacionais melhor que os colégios convencionais. Pesquisas feitas ano passado demonstraram que não há qualquer diferença, pelo contrário nas escolas convencionais o desempenho dos estudantes é maior.
Em Brasília, onde o modelo já vigora há mais tempo, o grande número de denúncias levou os estudantes a criarem uma página na internet, na qual relatam as agressões e a violência.
O avanço do modelo nas escolas do Paraná demonstra na prática a ofensiva da extrema-direita golpista e fascista contra a educação pública. É uma tentativa de não apenas impor a ideologia repressiva sobre os estudantes, mas de desmantelar por completo a própria organização de luta e a mobilização estudantil, bem como dos próprios professores.
Um ataque principalmente contra a juventude mais pobre, filhos e filhas da classe trabalhadora, que ficarão completamente reféns do autoritarismo dos militares.
É de fundamental importância travar uma luta enérgica contra a medida imposta pelo governo estadual. Mobilizar os estudantes, familiares, professores e funcionários. É necessário organizar atos em todas as regiões do estado contra a proposta, ocupar as escolas, e impedir por meio da mobilização a transformação das escolas em verdadeiros campos de concentração sob o controle dos militares fascistas.