Nesta última semana, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), anunciou em sua conta oficial no Instagram a posse de uma nova direção, de caráter provisório, para substituir a antiga chapa, da qual o mandato havia terminado durante a pandemia.
Com o pretexto da paralisação das aulas, o processo de escolha de uma direção provisória – enquanto não normalize-se a situação – tornou-se muito mais antidemocrático do que o habitual. A direção escolhida corresponde diretamente à burocracia estudantil, isso porque sequer houve real participação dos estudantes no inexistente processo eleitoral.
A nova chapa foi aprovada, de acordo com a mesma, em uma série de “reuniões abertas”, promovidas pela direção estudantil. Contudo, já deixando as claras o problema que está por de trás de toda operação, a nova direção “lamenta” a não participação do “maior número de estudantes”. Ou seja, sem ninguém ver, uma nova chapa foi aprovada pela burocracia do movimento estudantil, sem qualquer aval dos estudantes.
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O correto, em último caso, na ausência de eleições, seria ao menos manter a última chapa eleita na direção. Contudo, a política totalmente desmobilizadora da mesma, que impulsionou a campanha do “fique em casa” logo no início da pandemia, foi também responsável por dar total força à burocracia, e dificultar a participação dos estudantes em reuniões.
Dessa maneira, a própria esquerda pequeno-burguesa organizou um verdadeiro golpe contra qualquer tipo de democracia estudantil. O “infelizmente” pontuado no post do Instagram, é na realidade uma manobra conhecida por parte desses setores, que desmobilizam os estudantes para assim facilitar a vitória da burocracia.
O DCE da UEL não corresponde interesse algum dos estudantes da universidade. Na realidade, é perceptível pelo próprio caráter defensivo da nota, que a nova direção quer fazer o máximo possível por “de baixo dos panos”, evitando atritos com os estudantes, e não assumindo também nenhuma postura séria em defesa dos mesmos.
Este tipo de operação é comum de outras universidades controladas pela esquerda pequeno-burguesa. Este tipo de estratégia no final não serve para organizar em nada o próprio movimento estudantil, que passa a ter uma direção de fachada. Frente aos ataques do governo Bolsonaro este tipo de conduta torna-se ainda mais absurda.
A única forma de garantir as reivindicações dos estudantes é que eles mesmos decidam. Sem operações nas escuras e sem golpes, o que na prática, é a política de toda esquerda pequeno-burguesa, que domina hoje o movimento estudantil de conjunto.