Em Nota à Nação, o general Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, afirmou que é inadmissível o pedido judicial de apreensão do celular do Presidente da República, e que poderia ter “consequências imprevisíveis para a estabilidade do país”.
Evidentemente que essa nota representa uma ameaça velada de golpe, indicando que os militares estariam dispostos a quebrar a “ estabilidade” para impedir que o judiciário emparedasse o presidente.
Diversos setores políticos do Congresso Nacional, do judiciário e de outras esferas institucionais emitiram declarações condenatórias em relação à nota do general Augusto Heleno. Essas declarações da direita tradicional, são apenas protocolares e formais e não representam nenhum obstáculo efetivo as ameaças dos militares.
Porventura, como a esquerda reagiu a mais essa ameaça de golpe por parte do general Heleno? Da mesma maneira ineficaz como sempre, ameaçando a extrema direita e os militares que não respeitam as instituições com “ações judiciais” nas instituições cambaleantes.
A esquerda espera “combater” a direita com jogo de cena, enquanto os militares penetram cada vez mais amplamente no aparelho governamental e no controle das instituições, inclusive no próprio judiciário.
Dessa forma, uma esquerda passiva e domesticada, apela constantemente para o judiciário para “deter” os militares, os bolsonaristas e os golpistas. Enquanto os militares estabelecem como estratégia ir conquistando posições, através de “aproximações sucessivas”, a esquerda pequeno burguesa coleciona processos e representações contra esse e aquele ministro, pedindo interdição de manifestações, censura em nome do combate a “ fake News”, etc, etc, etc.
Quando se fala de aparência de luta e combatividade, um dos mais desembaraçados, é o “ radical” Guilherme Boulos, ex- candidato a presidente pelo PSOL, que na sua conta no twitter postou
“A nota do General Heleno é mais do que uma ameaça. É criminosa. O STF precisa responder à altura.” ( @GuilhermeBoulos)
A esquerda oportunista que prioriza completamente uma política de “pressão” de baixa intensidade por dentro das instituições. Assim, fomenta a ilusão que protestos ou ações judiciais seria uma forma de “resistência”. Essa postagem de Boulos é representativa do fracasso da esquerda pequeno burguesa, que deposita suas esperanças no combate aos militares na “resposta à altura” do STF. De acordo com o dirigente do PSOL, a função da esquerda seria tão somente pressionar instituições dominadas por golpistas contra os criminosos da extrema-direita e os militares.
Por sua vez, o governador do Maranhão, Flávio Dino, o propagador da frente ampla postou
“A nota do general Heleno constitui inaceitável ameaça ao Supremo Tribunal Federal. Na República, nenhuma autoridade está imune a investigações ou acima da Lei. E na democracia não existe tutela militar sobre os Poderes constitucionais.” @FlavioDino
A primeira vista o governador Flávio Dino do PCdoB estaria defendendo a independência das instituições, e a clássica separação dos poderes, afirmando a democracia. Entretanto, o que a declaração do governador revela é mais uma capitulação diante de mais uma das notas “inaceitáveis” de ameaça proferida pelo general Heleno ou por outros membros do governo, como o próprio presidente Bolsonaro e seu vice Hamilton Mourão. Em todas as vezes, a atitude “indignada”, mas profundamente passiva de Flávio Dino diante da direita. Além do mais, a “democracia” brasileira esta cada vez mais tutelada pelos militares, e os “ poderes constitucionais” estão à mercê dos golpistas, com a esquerda cedendo terreno de maneira acelerada.