A eleição no Rio de Janeiro expressa bem o resultado desastroso da política de frente ampla e do “voto útil”. No segundo turno das eleições para prefeito há dois candidatos da direita golpista um deles do partido da ditadura militar, o DEM, Eduardo Paes, o outro apoiado pela extrema direita o bispo Crivella, ambos são candidatos da burguesia que pretendem destruir ainda mais a cidade e o país para manter os lucros da burguesia brasileira e do imperialismo.
Contudo para alguns setores da esquerda vale tudo para fazer uma “oposição” ao bolsonarismo, até mesmo se colocar a reboque daqueles que deram o golpe de Estado de 2016 e que em 2018 colocaram Bolsonaro no governo para impedir o retorno do PT.
O maior expoente esquerdista da frente ampla do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo já vinha apoiando Paes desde de antes da eleição. Ele que provavelmente seria o candidato eleitoralmente mais forte da esquerda abdicou de sua candidatura para que Paes garantisse lugar no segundo turno. Menos de 24h após o resultado Freixo declarou seu apoio ao candidato do DEM expondo totalmente sua política de frente ampla com os golpistas. Posteriormente, muitos setores da esquerda também aderiram a essa política, é o caso do PT que também declarou apoio ao candidato do partido base do regime golpista, o mesmo regime que tem como objetivo destruir o próprio PT.
Benedita da Silva, a candidata do PT que ficou apenas em 4o lugar devido a manobras da burguesia, declarou que o mais importante seria derrotar Crivella e Bolsonaro mesmo que isso signifique votar em Paes. Variantes dessa política existem em todo o País, e até internacionalmente, a ideia é que vale a pena votar em um candidato burguês supostamente democrático contra o candidato burguês fascista, uma política desesperada e completamente equivocada.
Esse mesmo tipo de argumento levou a esquerda a apoiar o genocida Joe Biden o responsável pelo assassinato de milhões de pessoas, golpes e guerras em diversos países (incluindo o Brasil), contra Trump que aparenta mais agressivo mas que na prática chega a ser menos destrutivo que Biden.
O que esta por trás dessa manobra é domesticação da esquerda dentro de uma frente com a direita golpista, a submissão da esquerda à direita, antes mesmo das eleições, como fez o PSOL no Rio de Janeiro para derrotar o “mal maior” que seria Bolsonaro. Esta é uma política completamente absurda que faz com que a esquerda se submeta as políticas totalmente antipopulares da burguesia e que no fim levará a esquerda a se tornar tão impopular quanto os partidos burgueses do centrão.
Conforme cresce a crise econômica e política a situação vai se polarizando e os partidos do centro se tornam cada vez menos relevantes, como se viu na eleição presidencial de 2018 em que a polarização se deu entre o PT e Bolsonaro. Essa tendência natural da política não pode ser impedida e é boa para a esquerda que tem que assumir as pautas dos trabalhadores e assim poderia crescer cada vez mais e mobilizar pela derrotar da direita. Contudo os setores oportunistas da esquerda que acreditam que irão perder seus cargos, visto que isto é uma tendencia quando ocorrem grandes mobilizações, impedem que as organizações se coloquem mais a esquerda e assim fortalecem essa política de fazer uma frente com o “centrão” (direita golpista) contra Bolsonaro.
Assim os setores mais direitistas da esquerda como o PSOL aderem de corpo e alma à frente ampla sendo o caso do Rio o mais explicito. Enquanto isso o PT, que por ter uma enorme base popular esta mais a esquerda, fica em uma política dividida em aderir ou não a esta frente. Ao mesmo tempo que a própria burguesia não deseja uma frente com Lula e a ala esquerda do PT pois esta apresenta uma ameaça real. Essa política dividida pode ser compreendida também nas eleições do Rio, Benedita no primeiro turno foi a candidata da maioria da esquerda em oposição à frente com os golpistas (Paes e Martha Rocha do PDT) e a extrema direita (Crivella). Agora, no segundo turno apoia a frente com os golpistas.
O essencial para os trabalhadores é que qualquer frente com a burguesia nos levará a derrota, ficar a reboque da “ala democrática” (justamente os que derrubaram Dilma em 2016) seria um total desastre.
A classe operária deve ser independente da burguesia e isso se manifesta politicamente em uma frente apenas das organizações de esquerda com o objetivo de lutar nas ruas pela derrota do regime golpista, ou seja, derrota de Paes e Crivella, de Bolsonaro e Dória, da direita tradicional e da direita fascista, e principalmente da burguesia brasileira e do imperialismo que é quem esta por trás de todos estes.
É preciso lutar pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas e por novas eleições com Lula candidato.





