O governo golpista de Jair Bolsonaro continua a atacar a educação brasileira. Através do Ministério da Educação (MEC), tenta implementar, mesmo sem as mínimas condições necessárias, o ensino à distância (EAD) em todos os níveis de ensino.
Os fascistas utilizam, de maneira cínica, o desenvolvimento das metodologias ativas de ensino e das tecnologias de informação e comunicação (TICs) para atender aos interesses capitalistas. Eles desejam, no contexto atual, a expansão do EAD por este ter menos custos e ser mais fácil de controlar o que e como é ensinado o conteúdo.
O inimigo da educação, Abraham Weintraub, chegou a oferecer “prêmios” às instituições federais de ensino superior que aceitassem bovinamente a substituição do ensino presencial pelo EAD. Cabe lembrar que alguns campi chegaram a ter seu orçamento reduzido em até 75% desde o golpe de 2016, o que os torna mais vulneráveis a aceitar chantagens do governo ilegítimo.
O Conselho Nacional de Educação (CNE) enviou uma “proposta de parecer sobre reorganização dos calendários escolares” às instituições de ensino para que estas comecem a se “preparar” para o retorno das aulas presenciais ou que implementem o EAD. Há uma preocupação tecnocrata de manutenção dos calendários acadêmicos, mesmo que isso signifique queda na qualidade de ensino.
As propostas demagógicas do CNE incluem até como implementar o EAD na educação infantil. Em resumo, jogam para os pais a responsabilidade pelo ensino formal da criança. Claramente estão a utilizar a situação como laboratório para medidas radicais de destruição do já debilitado ensino brasileiro. É um claro ataque não apenas aos estudantes, mas aos professores e demais profissionais da educação.
O CNE usa como base “estudos” da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para pautar sua política. Isso é prova que estão unidos aos capitalistas. Nestes “estudos” a OCDE argumenta que o período sem aulas acarretarão a perda de conhecimento dos estudantes. O que deve-se ter atenção é que, nas entrelinhas, há um plano para inviabilizar toda e qualquer greve dos profissionais da educação. Pois, utilizarão as conclusões destes “estudos” para dizer que a educação é atividade “essencial”.
A maior parte dos estudantes brasileiros não possui as mínimas condições materiais para o estudo à distância. A conectividade com a internet em bairros periféricos e na zona rural é muito aquém do necessário. Além disso, os estudantes não têm acesso aos equipamentos necessários, tendo de improvisar minúsculos aparelhos celulares para visualização de aulas e realização de tarefas. A manutenção dos calendários acadêmicos tende a tornar o ensino brasileiro em um verdadeiro “faz-de-conta”.
Os estudantes pobres pagarão um altíssimo preço por essa política criminosa do governo. Não pode ser esquecido que o ensino superior no Brasil é altamente excludente, pois não há vagas para todos os estudantes. Assim, as camadas mais privilegiadas assumem uma vantagem enorme sobre as massas. Se tomado como base que uma das propostas do governo golpista é o fim das cotas, é notório que os oprimidos, em sua maioria negros e pardos, serão “removidos” do ensino superior ou terão de se sujeitar a comprometer parte da sua renda em instituições privadas que visam mais o lucro do que a educação.
Enquanto isso, o movimento estudantil se mantém letárgico, apostando na fraudulenta “mobilização virtual”. Pois, se a maioria dos estudantes pobres não têm acesso à internet, logo estão excluídos dessa “mobilização virtual”. No fim das contas, a política das entidades estudantis é reacionária e excludente e profundamente direitista.
UNE, UBES e outras ficam, assim como os sindicatos pelegos e a esquerda pequeno burguesa, a reboque da direita, comemorando verdadeiras migalhas dadas pela burguesia. Ao invés disso, deveriam estar ativamente mobilizando os estudantes para pressionar MEC e CNE a suspenderem o calendário acadêmico e darem suporte aos estudantes que estão à mercê da fome e da doença neste momento.