Na manhã da última quinta-feira (21), a esquerda brasileira deu um pequeno e limitado, mas extremamente importante passo na luta contra a direita golpista. Representantes do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), da Unidade Popular (UP) e do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em conjunto com outras centenas de entidades, entregaram o pedido de impeachment do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro. O pedido contou também com a assinatura do Partido da Causa Operária (PCO), que tem se destacado nos últimos anos pela campanha em torno do “Fora Bolsonaro”.
Entre as demais entidades signatárias, estão organizações de defesa dos direitos democráticos, como a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), organizações do movimento popular, como a Central dos Movimentos Populares (CMP). Trata-se, portanto, de um pedido unificado de toda a esquerda de conjunto, tendo, por isso, recebido o apoio do PCO. É preciso, portanto, que essa unidade formada contra o governo Bolsonaro alcance uma dimensão mais ampla: as ruas.
A iniciativa aconteceu cerca de 24 horas depois de ter sido realizado o primeiro ato público pelo “Fora Bolsonaro”, também na cidade de Brasília. Embora tivesse reunido apenas algumas dezenas de manifestantes, a iniciativa foi um pontapé na retomada dos atos de rua e ainda contou com um episódio saboroso: um militante bolsonarista, covarde agressor de mulheres, foi colocado para correr ao tentar intimidar os militantes presentes.
Nosso apoio à iniciativa não deve ser confundido com qualquer ilusão com as instituições burguesas, pilares do regime político golpista. Da mesma maneira que declaramos ser impossível derrotar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff apenas por meio de articulações no Congresso ou mesmo anular o golpe por meio do senso de justiça do Supremo Tribunal Federal (STF), declaramos: O governo não virá abaixo sem uma mobilização gigantesca nas ruas.
Neste momento, o “centrão”, que é a base de sustentação do regime político, está se confraternizando com o presidente ilegítimo. O próprio Jair Bolsonaro afirmou que estaria “reatando o namoro” com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. E Maia, por sua vez, já está com mais de 30 pedidos de impeachment enfileirados, sem dar nenhuma resposta a eles. Uma situação muito diferente do que aconteceu no golpe de Estado de 2016, quando a direita fez de tudo, utilizando frequentemente expedientes ilegais, para acelerar a queda da presidenta Dilma Rousseff.
O trabalho da esquerda não chegou ao fim na entrega do pedido de impeachment. Muito pelo contrário. Esse passo deve ser entendido como o primeira de uma série de iniciativas que teremos de tomar em conjunto para garantir a vitória do povo sobre os golpistas. Chamamos, portanto, todos os partidos de esquerda e organizações do povo a elaborar um calendário de mobilizações, com as devidas medidas de proteção, para colocar o governo abaixo o quanto antes.