João Dória, governador “científico” do Estado de São Paulo, anunciou nesta quinta-feira (17), uma medida que poderá transformá-lo no promotor de um genocídio sem precedentes na história brasileira. O anúncio do governador tucano declara que as escolas públicas e particulares poderão continuar abertas independente se o Estado estiver na pior fase da pandemia.
O anuncio de um massacre
Anteriormente, de acordo com os próprios decretos emitidos pelo governo estadual, as escolas poderiam dar aulas presenciais apenas na fase amarela, contudo, com a nova autorização os locais de ensino poderão dar aulas regulares já no retorno das atividades.
O plano de Dória é considerar a escola uma espécie de “serviço essencial”, ou seja, apenas aqueles que são permitidos de funcionar independente da situação, como no caso dos supermercados e farmácias. Com ação tornando-se prática, isso significaria que milhões de jovens irão ser obrigados a voltar a ter aulas presenciais, assim como já faz grande parte das escolas privadas no Estado, desde o mês de setembro.
A prefeitura de São Paulo levanta está política em ritmo semelhante, Bruno Covas (PSDB), deseja uma reabertura das escolas em fevereiro. E em outros estados, como Rio Grande do Sul e Espírito Santo, os genocidas locais decidiram por fazer o mesmo, reabrindo independente do recrudescimento das regras de isolamento.
Apenas os Estado de São Paulo tem hoje 1.361.731 casos e 44.681 mortes registradas. Já o Brasil, graças aos dados acumulados de São Paulo, que não havia divulgado nos dias anteriores, bateu o recorde de número de casos computados em um dia, com quase 70 mil registrados oficialmente. Enquanto isso, o número de mortes ultrapassa novamente os 1 mil por dia, com dados piores que os da chamada “primeira onda” da pandemia, ocorrida nos meses de julho à agosto.
A morte, pelo bem das criancinhas
Em contrapartida, Dória não abandona seu completo cinismo. Mesmo sabendo que sua decisão irá ser responsável por matar milhares de jovens, país, familiares e funcionários em toda São Paulo, ele declara que a ação “tem também por objetivo o desenvolvimento cognitivo e socioemocional de milhões de crianças e adolescentes no Estado”. Com esta situação, o único desenvolvimento que Dória poderá dar a estas pessoas será no mínimo traumático.
O dado “científico” que comprovaria a viabilidade da política tem como base que, de acordo com o próprio governo do Estado, o fato de nenhum caso de coronavírus foi transmitido nas 1.800 escolas estaduais que estão tendo algum tipo de atividade presencial.
Vale lembrar, que São Paulo é o mesmo Estado que deixou na última semana de notificar os novos casos de covid por mais de 48 horas, sequer podemos imaginar o que fazem com os supostos dados coletados nas escolas.
Toda esta política é apoiada pela imprensa burguesa, que coloca em destaque o acompanhamento da mesma política que é seguida em países da Europa, e obviamente, no próprio Estados Unidos.
Até o momento, França, Reino Unido e Portugal, por exemplo, decidiram abrir as escolas, enquanto fechavam bares e restaurantes, e aumentam a repressão contra a população.
Demagogia, cinismo e a importância da mobilização
Em primeiro lugar, a situação brasileira, isso precisa ficar bem claro, é infinitamente pior do que na Europa. Se estes países mencionados já obtiveram enormes dificuldades em reabrir, inclusive sendo forçados a fechar as escolas mais de uma vez, a situação no Brasil será ainda pior.
Com escolas com pelo menos 40 alunos por sala, muitas sequer tendo um real sistema de ventilação, banheiros destruídos e difícil acesso à água potável, o vírus nas escolas brasileiras tende a se proliferar em uma velocidade gigantesca. Contaminando os jovens, suas famílias e profissionais das instituições serão rapidamente contaminados, e uma onda brutal de mortes ocorrerá sob o aval da burguesia brasileira.
Toda esta política tem como único interesse reviver a economia falida dos capitalistas, que em meio a crise na pandemia, viu seus lucros retrocederem ainda mais. Não há interesse algum em defender o povo, muito pelo contrário, e as decisões mostram exatamente isso.
A esquerda e o movimento estudantil precisam dar uma resposta a altura, que só poderá ocorrer com uma verdadeira mobilização, paralisando escolas e universidades, e impedindo na força que a volta às aulas aconteça, seja em São Paulo, ou no restante do Brasil. Apenas com a mobilização, a vida de milhões de pessoas será defendida, contra o interesse dos grandes capitalistas.